Primeiro navio com cereais que deixou a Ucrânia acaba atracado na Síria, país aliado da Rússia
O navio cargueiro Razoni, que transportava o primeiro carregamento de cereais ao abrigo do acordo internacional estabelecido entre a Ucrânia e a Rússia, com a mediação da Turquia e das Nações Unidas, chegou ao porto de Tartus, na Síria, um aliado de Moscovo.
Imagens de satélite da Planet Labs PBC, analisadas pela ‘AP News’, mostram que o Razoni chegou à costa síria na manhã desta segunda-feira, e terá atracado perto de silos que são usados pelo governo de Damasco para abastecer o mercado interno na Síria.
Avança a ‘Euronews’ que desde a passada sexta-feira que o cargueiro tem o seu sistema de localização desativado, altura em que se encontrava ao largo da costa do Chipre, como mostram dados do site ‘MarineTraffic.com’. Por norma, os navios têm esse sistema ativo, para que seja possível monitorizar as suas rotas, mas quando querem esconder a sua localização, desligam-no.
O Razoni carregava 26 mil toneladas de cereais, que recolheu em Odessa, na Ucrânia, porto que deixou a 1 de agosto, tornando-se o primeiro navio a transportar cereais ucranianos desde o início da guerra da Rússia contra a Ucrânia, a 24 de fevereiro.
A carga tinha como destino o Líbano, mas o país recusou recebê-la, alegadamente devido ao mau estado de conservação dos cereais e do atraso de meses na entrega desses produtos agrícolas. Depois da recusa, o Razoni navegou para o porto de Mersin, na Turquia, onde ficou ancorado antes de voltar a partir, desta vez para a Síria.
O Centro de Coordenação Conjunta, órgão sediado em Istambul que emergiu do acordo e que tem como missão verificar os inspecionar os cargueiros que transportam os cereais ucranianos, afirma que depois de os navios receberem luz verde para continuarem viagem, o Centro deixa de monitorizá-los cita a ‘Euronews’.
“Os navios autorizados prosseguem para os seus destinos finais, sejam eles quais forem”, diz o Centro.
A Síria está sob regime de sanções ocidentais devido ao papel desempenhado pelo governo no ataque e morte de civis no decurso da guerra civil que há mais de uma década assola o país.
Além disso, é um aliado confesso de Moscovo, e já reconheceu a independência das repúblicas separatistas pró-russas de Luhansk e Donetsk, no Leste da Ucrânia.
Ainda este ano, a Ucrânia já tinha acusado a Síria de estar a comprar cereais que haviam sido roubados nas regiões ocupadas pelas forças russas, alegações que o Kremlin rejeitou.
Em maio, um navio da Rússia terá levado até à Síria 27 mil toneladas de cereais roubados, que primeiramente terá tentado vender ao Egipto, que os recusou.