Rally do petróleo: redução dos preços dos combustíveis pode ainda estar longe
O petróleo está a ter um início notável este ano. Não só o Crude conseguiu ultrapassar os máximos de 2021, como também o Brent conseguiu atingir o nível mais alto desde 2014. Tanto o Brent como o WTI – estão a valorizar mais de 12% YTD (até à data). Além disso, o setor energético é inquestionavelmente a classe de ativos com melhor desempenho após as primeiras duas semanas de 2022. Dado que as expectativas no final de 2021 apontavam para um cenário completamente diferente, pode-se questionar quais os motivos por detrás das últimas valorizações dos preços do petróleo?
As perspetivas sombrias para 2022
As perspetivas para o mercado petrolífero em 2022 não são muito animadoras. Quase todas as grandes instituições esperavam que 2022 fosse marcado por um aumento significativo no lado da oferta, chegando até a provocar um excesso de oferta no mercado. Esperava-se que o excesso de oferta levasse a um aumento dos inventários que têm vindo a diminuir há cerca de uma dúzia de meses e que atingissem os níveis mais baixos em 5 anos.
Além disso, o impacto da nova variante Ómicron era visto como um trigger que apoiava estas expectativas. Apesar disso, o mercado começou a especular que a OPEP+ poderia abandonar a política de aumento da produção. Contudo, a realidade acabou por ser diferente. A OPEP+ anunciou que vai continuar a aumentar a produção e a Ómicron acabou por não ter um impacto tão grande na mobilidade e na procura de petróleo como esperado.
Como é que os preços do petróleo estão em máximos de 7 anos?
Há muitos fatores por detrás do recente rally nos preços, na sua maioria, são fatores atípicos. As recentes perturbações nas cadeias de abastecimento na Líbia e no Cazaquistão são exemplos perfeitos destes fatores atípicos. Embora a situação em ambos os países ainda não tenha sido totalmente resolvida, melhorou o suficiente para desencadear uma queda a curto prazo nos preços do petróleo.
Por outro lado, as tensões no Médio Oriente estão de novo a aumentar com os iemenitas Houthis a lançar ataques com drones nos aeroportos dos Emirados Árabes Unidos, provocando um abrandamento da produção nestes países que são pontos estratégicos de exploração de petróleo.
Tendo em consideração os fatores mencionados acima, as expectativas anteriores que apontam para uma redução da procura e para um aumento da oferta podem não se concretizar ainda este ano. O excesso de oferta poderia provocar uma correção massiva nos preços do petróleo. No entanto, enquanto as atuais circunstâncias se mantiverem inalteradas, essa possibilidade parece reduzida.
Henrique Tomé
Analista XTB