A quinta geração
Por Paulo Mendonça
Coordenador Editorial da Risco
O ano 2020 é o do 5G, mas o que traz de tão especial a nova tecnologia de conectividade móvel? Antes de mais, uma panóplia complexa e alargada de aplicações impossível de implementar com a tecnologia que temos hoje, e esse é um dos motivos pelos quais a transição do 5G é tão mais “transformadora” do que foi a mudança para o 4G.
Não se trata apenas de um upgrade das velocidades de conexão à internet em ambiente móvel. Não é uma questão de melhorar o carregamento de páginas web, de vídeos do YouTube ou do download de aplicações. É tudo isto, mas é muito mais do que isto. Trata-se de chamar ao online toda a espécie de equipamentos que hoje existem offline, e trata-se de fazê-lo com todos ao mesmo tempo.
A disrupção do 5G está no muito aguardado emergir e desenvolvimento da Internet das Coisas – casas, carros, electrodomésticos, toda a espécie de máquinas –, o que irá aumentar, de forma dramática, o número de equipamentos ligados è rede em simultâneo. Mas está também no desenvolvimento de novos serviços com os quais as empresas prometem alterar profundamente a experiência dos clientes.
Nos sectores da banca e seguros, em particular, a tecnologia já tem vindo a moldar o dia-a dia de instituições e clientes, mas a chegada do 5G poderá fazer nascer uma série de novos serviços. O banco remoto, a automatização de muitos processos internos, novos serviços prestados pelas seguradoras, para mudar a forma como se relacionam com os seus clientes, e uma revolução na componente dos pagamentos, com recurso a tecnologias como a biometria, entre outras, são algumas das aplicações possíveis, mas há muitas que hoje ainda não conseguimos imaginar.
Numa altura em que a transformação digital é já uma realidade para muitas empresas, tudo indica que este processo tenha de se globalizar, havendo muitas empresas hoje que já nascem num ambiente digital. Certo é que, ao contrário do que aconteceu com os seus antecessores, o 5G é hoje muito mais sobre empresas e serviços do que sobre tecnologia. E tudo indica que quem mais vai ganhar com isso é o cliente.
Editorial publicado na revista Risco n.º 16 – Primavera de 2020