Randstad Insight: Destino Portugal

Por José Miguel Leonardo | CEO Randstad Portugal

Portugal como destino… turístico. Pelo terceiro ano consecutivo fomos eleitos os melhores do mundo.

Mesmo que algumas vozes discordantes recordem os tempos em que nas ruas de Alfama apenas se ouvia falar em português, há um orgulho nacional nesta atractividade e na experiência que é visitar Portugal, que hoje já é muito mais do que apenas Lisboa e Porto.

Mas Portugal pode ser mais do que um destino turístico. Pode ser um destino. Um destino para estudar, um destino para trabalhar, um destino para investir.

Portugal tem de estar no mapa dos destinos da economia e das pessoas. Tem de ter um lugar na produção e nas cadeias de valor. Tem de produzir e acrescentar valor sem perder a sua identidade e posicionar-se num mercado que é cada vez mais global.

Mas o que nos falta para sermos um destino? Será demasiado ambicioso este projecto de ser mais do que sol e mar? Não.

E temos exemplos de sucesso, sectores e produtos em que ganhamos destaque, mas também uma ausência de estratégia global sobre como atingir esta meta. Olhemos para os sapatos. A indústria do calçado hoje reconhecida pela qualidade passou por um caminho de afirmação para que o made in Portugal fosse reflexo deste posicionamento premium. Um caminho que não foi fácil e que exigiu uma associação entre as indústrias do sector e um papel activo da própria associação, um caminho que cumpriu uma estratégia e feito a uma só voz e que hoje benefecia o nosso mercado. Mas há mais exemplos, passamos da indústria para a agro-pecuária ou sector têxtil. Casos que vivem isolados e que precisam de se relacionar, de fazer o cross selling para aumentar a notoriedade e a compra dos nossos produtos. Mas temos mais exemplos.

Olhemos para o ensino e como as nossas escolas estão em destaque nos rankings internacionais. Olhemos para as pessoas, para os portugueses que no Mundo fazem a diferença mas mais ainda para o potencial dos portugueses que aqui vivem. Foquemo-nos nas nossas competências e na cultura que nos distingue. Cultura que não é só fado e futebol, mas também a capacidade de nos desenrascarmos ou, se quisermos, de respondermos rapidamente a problemas complexos que não conseguimos planear e antecipar. Acabe-se com a pequenez de nos acharmos pequenos para aceitarmos a vantagem da dimensão que nos permite testar e pilotar projectos, experiências em 10 milhões de habitantes. Um território que se percorre em tempo e com tempo, onde infraestruturas e comunicações nos ligam e reduzem as já curtas distâncias. Vamos valorizar a mancha marítima que não nos limita mas, sim, que nos permite chegar a mares [nunca dantes] navegados.

Numa história de estabilidade política e social, das mais antigas da Europa, vamos garantir que somos o destino do hoje e do amanhã. Trabalhando não apenas a economia mas também a componente social, a atractividade de um País que se quer com e para pessoas. Um País com uma proposta de valor para quem nos escolha como destino de vida, em que a vida pessoal, familiar e profissional aliam a qualidade com a experiência. Um objectivo que exige uma estratégia concertada de longo prazo mas que é urgente para o nosso crescimento e a nossa afirmação.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 159 de Junho de 2019.

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