Turismo à deriva procura porto seguro

Por Bernardo Corrêa de Barros, Presidente do Turismo de Cascais

A pandemia arrasou por completo o Turismo, levou-nos para números parecidos com os da “Pré-História” e a indústria do Turismo tem andado à deriva por mares nunca antes navegados… na realidade, nada de novo para um país que assim conquistou o mundo.

Foi a necessidade que nos fez partir à descoberta. Foi a necessidade de um País à fome e territorialmente enclausurado por um rival e também pelo mar, que aguçou o engenho, foi a necessidade que fez do mar a única saída possível.

A necessidade levou os Portugueses a inventar a Caravela Portuguesa, que nos permitiu navegar contra o vento e atravessar o Cabo das Tormentas, foi também a necessidade que fez nascer o Astrolábio Náutico, que determinava a latitude da embarcação e permitia navegar em alto mar, longe da costa.

Mais tarde e por sentir a necessidade e a oportunidade que deslocações mais rápidas criariam, Bartolomeu de Gusmão, inventava a Passarola, acreditando que pelo ar seria a solução das deslocações e afirmava ter “descoberto um instrumento para andar pelo ar da mesma sorte que pela terra, e pelo mar, com muita mais brevidade…” e afirmava este ao rei D. João V “…que interessa a Vª Majestade muito mais que todos os outros Príncipes pela maior distância de seus Domínios…”.

Em tempos idos fomos mestres da invenção, revolucionámos o mundo e pelo mar conquistámos o mundo. Impulsionámos a indústria da aviação pela mão de Bartolomeu de Gusmão e hoje dependemos das “Passarolas voadoras” para alimentar o nosso Turismo e a nossa economia, dado que abandonámos o nosso desígnio primeiro, o Mar.

Hoje como no passado, a necessidade volta a estar na agenda do dia.

Todos os dias vemos empresas a definhar e os instrumentos para a navegação que nos são dados não são suficientes. Não vemos a articulação necessária por parte de quem nos deveria guiar e assim torna-se quase impossível chegar a um porto seguro.

A necessidade hoje obriga, mais do que nunca, a uma articulação entre Governos e essencialmente dentro do Governo.

A legislação europeia sobre o tão famigerado Certificado Verde tarda em não sair, a empresa que detém as nossas “Passarolas Voadoras” está numa situação nunca antes vista, os eventos Internacionais que tanto contribuem para a promoção e para a economia do nosso país, são cancelados por ineficiência governamental ou não têm público pela mesmíssima razão.

Já alguém dizia, “se seguirmos as mesmas rotas, chegaremos sempre aos mesmos destinos”, acontece que, o sentimento generalizado é de uma total ausência de Norte, que não existem nem mapas, nem astrolábios náuticos para ajudar à navegação.

Necessitamos urgentemente de novos mapas e de bússolas que nos indiquem o Norte, porque as ferramentas que hoje temos à nossa disposição de nada servem nestes novos ventos.

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