Transição Digital – What Else?

Por Ramiro Brito, CEO do Grupo Érre

A transição digital é um tema na ordem do dia do mundo económico e empresarial. Não é possível conceber a empresa do século XXI sem entender este fenómeno, não apenas como um processo de evolução tecnológica, mas antes como a refundação da forma como se gere e se planeia a empresa nas suas mais diversas dimensões e operacionalidades.

A digitalização de processos é hoje um fator de desenvolvimento empresarial, pela forma como influencia e determina a capacidade de resposta aos desafios dos mercados modernos, seja do ponto de vista da eficiência e competitividade, seja do ponto de vista da consciência ambiental que está patente nas grandes opções estratégicas das entidades internacionais, para esse grande desígnio que é o target de emissões 0. Ser tecnologicamente avançado é ser adaptado a uma nova realidade na qual os processos fluem com mais naturalidade, são mais previsíveis e alcançam o seu propósito mais premente, a saber, a eficiência. E esta é a palavra que realmente importa. Eficiência é certeza de prosperidade e rentabilidade, é a garantia de equilíbrio e arrojo.

Não se trata apenas da economia processual na sua dimensão temporal, espacial ou de recursos, trata-se de produzir melhor, com mais foco, com mais assertividade na exata dimensão daquilo que deve ser a empresa dos dias de hoje. Aqui se entendem as empresas, não apenas como sinónimo de emprego ou rentabilidade financeira, mas antes como agentes ativos de uma sociedade mais atenta e exigente, como primeiros impulsionadores dos grandes desígnios e desafios que se colocam à humanidade, como o equilíbrio ambiental, a integração social e o alcance de maior estabilidade social. No fundo, pelas empresas passa o mundo de amanhã, o legado que fará com que os nossos descendentes possam ter vida e, de preferência, melhor do que a que hoje temos.

A Transição Digital, assim como a Economia Circular, não devem ser vistas apenas como imposições, novidades ou meros captadores de verbas, mas antes como estratégias que funcionam como ferramentas para o alcance do sucesso das empresas, numa ligação intrínseca e estrutural, com preocupações além negócios, como fator de emprego e de qualidade de vida, de intervenção pública e social, dotando a empresa dessa dimensão social relevante que lhe é exigida nos nossos tempos.

Importa pensar o papel desta estratégia de mãos dadas com o conhecimento e as entidades com capacidade geradora do mesmo, de forma a estruturarmos um tecido social preparado e adaptado às novas funções e competências que serão necessárias neste processo. Temos de olhar para isto com a clareza de entender que hoje o caminho do ensino e do conhecimento tem de perceber aquilo que o mercado vai ser capaz de absorver, mais ainda, aquilo que o mercado vai necessitar para que institutos, universidades, politécnicos e escolas profissionais possam, nos seus diversos níveis, dar uma resposta cabal, dotando o mercado de competências das necessidades do tecido empresarial, por um lado, e criando trabalhadores mais realizados por terem cabimento nesse mesmo mercado.

A Transição Digital é, portanto, uma estratégia transversal e regeneradora de uma sociedade capaz de atingir os seus propósitos, que é vista de uma forma mais abrangente do que a simples proteção ambiental ou rentabilização processual, mas antes como um fator incontornável de desenvolvimento.

 

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