Tantos anos a estudar para isto?

Por Nelson Pires, General Manager da Jaba Recordati

Quando vejo um economista a criticar um governante, político, a DGS ou um epidemiologista por causa do covid19, reconheço que dou umas gargalhadas valentes. Não sou economista nem pretendo substituí-los. Mas esta é a especialidade já criou tantas curvas para a retoma económica e ainda não acertou uma, desde a curva em “V”, “L”, “W” e agora “K”. Tantas curvas que começo a achar que a culpa é mesmo dos economistas como no programa da Televisão. Uma quantidade de anos a estudarem e a criar modelos para isto??? Não acertam uma! 

Bem sei que esta pandemia é o que Nassim Taleb apelidaria de “cisne negro”, ou seja um evento imprevisível de dimensões catastróficas que abala todo o sistema. Mas este também propõe regras para as instituições resistirem a estes eventos, o que ele apelida de “antifragilidades”. Era bom que os economistas e governantes as conhecessem pois são ferramentas bastantes úteis nas crises sistémicas, que contaminam toda a economia.

Claro que a curva sempre foi em “K”, pois dentro das depressões económicas, sempre existiram sectores que resistiram e cresceram, outros que mantiveram, muitos que caíram e alguns que desapareceram. Na crise petrolífera de 1973, o aumento de preços alterou a competitividade de muitas indústrias : dos automóveis e paradoxalmente dos painéis solares. Em 2008, na crise do subprime, o sector imobiliário ou automóvel no segmento alto cresceu, pois a poupança sobre a forma de investimento (imobiliário ou de luxo) por receio das instituições financeiras, provocou o Boom neste sub-segmento; assim como por exemplo o mercado futuro de opções para quem soube investir.

Na actual pandemia, o sector do imobiliário, saúde, TIs ou indústria da madeira e cortiça crescem face a 2019. Vemos sectores (como o turismo por exemplo) e segmentos (como jovens ou trabalhadores precários) negativos mas que devem ser o foco da intervenção governativa. 

George Soros já referiu antes que os mercados tendem ao equilíbrio e que os seus desvios são aleatórios, mesmo face a estes imprevisíveis eventos. Portanto quando quando olhamos para a economia como um todo, vemos o efeito alfabético dos economistas; mas por sector é sempre em  “K”, mais ou menos acentuado, dependendo do impacto sistémico da crise. 

Como disse, não sou economista, mas quando vejo alguém “que anda de metro dar conselhos a outrem que anda de rolls Royce” fico com dúvidas se devo segui-los ou não!

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