Será que Portugal vai mesmo licenciar as obras no prazo de um mês ou é só mais uma medida para inglês ver?

Por Miguel Mascarenhas, CEO da imovendo

A mais fresca das novidades do mercado imobiliário apareceu em forma de Decreto-lei aquando da viragem do ano e entrará em vigor já a partir de março.

O objetivo passa por reformar, uniformizar e simplificar os licenciamentos na área do urbanismo finalizando, assim, a aplicação em pleno dos diplomas incluídos no pacote Mais Habitação.

Foi já amplamente assumido pelos portugueses, em resposta a um inquérito realizado pela imovendo em Agosto de 2023, que o alvará de licença de construção é tido como “um dos processos mais burocráticos do imobiliário”, dificultando as novas construções e as intervenções de melhoria ou requalificação do património habitacional.

Resta saber se o diploma resolve estes problemas e tem “pernas para andar” ou se, por outro lado, as críticas apontadas até ao momento, nomeadamente pela Associação Nacional de Municípios Portugueses, e outras entidades ligadas ao urbanismo, são sustentadas.

Se uma reforma nos processos de licenciamento do urbanismo era exigida pelos portugueses e pelo mercado imobiliário, a entrada em vigor de algo que pretende mudanças tão estruturais (e que fazem parte de um plano tão continuamente criticado numa altura politicamente conturbada) pode ser um “passo maior que a perna”.

Parece-nos que as medidas apresentadas pelo governo, para responder às necessidades do mercado imobiliário – um pilar tão central de contestação – acompanham as ilusões de uma possível previsão da configuração da nossa assembleia.

Não sabemos a quem calhará a responsabilidade de assegurar a continuidade das medidas promulgadas, nem se as mesmas solucionam o que prevêem.

É com um mercado de habitação fragilizado, cujos únicos defensores parecem ser os seus redatores, que Portugal vai a eleições.

É caso para dizer que “não se começa a construção de uma casa pelo telhado”.

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