Ser inerte é do passado

Por Tiago de Magalhães, Associado Sénior da CMS

A sustentabilidade – palavra que poderia muito bem ser eleita como a palavra do ano em 2023 – é um “problema complexo: difícil de compreender; difícil de resolver“. Esta, que provém do latim “sustentare”, significa: sustentar; defender; favorecer, apoiar; conservar ou cuidar.

Ser sustentável não significa deixar de fazer coisas, significa que devemos fazer as coisas de forma diferente para garantir que não comprometemos o futuro das próximas gerações. Significa que precisamos de pensar a longo prazo e não a curto prazo. E significa também que não deve ser uma questão política, embora deva estar na agenda díade todos, nomeadamente dos decisores.

Ser sustentável significa que devemos ser e atuar de forma mais responsável na forma como utilizamos os recursos naturais, tratamos as pessoas e fazemos negócios. E a grande questão é esta: como fazê-lo? Existem métricas que podem ser utilizadas para quantificar e medir o impacto de cada um. As empresas (e mesmo cada um de nós) devem definir os seus objetivos, onde querem estar e como querem atingi-los. É, pois, necessária uma estratégia para criar impacto.

A temática ambiental, por ser mais atual, será à partida aquela que mais se fala, mede e desenvolve. Por várias razões: desde logo porque estamos mais expostos, sentimos mais a sua dor, é mais fácil de medir e está na agenda mediática. No entanto, o social e governance são igualmente importantes e talvez com maior relevância até. Do meu ponto de vista, se investirmos no “S”, que também poderia perfeitamente ser referido como “P”(pessoas), estamos a investir também no “E” e no “G”. Uma sociedade mais instruída, menos pobre deverá ser mais saudável e tem mais probabilidades de fazer escolhas mais acertadas nos domínios de E e G. É claro que os três estão interligados, veja-se, por exemplo, as catástrofes ambientais são catástrofes humanas, que podem dar origem a questões de responsabilidade/contencioso das empresas, riscos que podem ser atenuados através de uma forte estratégia de sustentabilidade.

Ser-se uma empresa responsável – com um negócio sustentável – garante a atração e retenção de colaboradores, conduz a uma maior produtividade, constrói/reforça a marca junto dos stakeholders (interna e externamente), para além de atrair oportunidades de investimento e talento de topo, bem como novos negócios e clientes.

Ser inerte é do passado. Temos de estar conscientes de que é necessário agir e agir rápido. O processo de transformação e transição deve, inclusive, ser acelerado. Atualmente, todos – empresas ou indivíduos, públicos ou privados – porque também são responsáveis pelo seu impacto na sustentabilidade, procuram produtos e serviços mais sustentáveis, bem como prestadores de serviços mais responsáveis (aqui reside a importância da avaliação ‘sustentável‘ ao longo da cadeia de abastecimento). E aqui permanece um grande desafio para todas as empresas, umas porque obrigadas outras porque não querem ficar para trás em termos de mercado e de avaliação: o cumprimento das regras e práticas que têm em conta a sustentabilidade, quer ambiental, social ou corporativa.

É essencial ter todos a bordo e com o mesmo objetivo: criar um impacto positivo em tudo o que fazemos. É necessário definirem-se objetivos concretos e criar incentivos para que os mesmos possam ser atingidos. Sempre de forma sustentável.

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