Resolver os problemas do mundo real no mundo virtual

Por Luís Bastos, responsável pela Digital Industries da Siemens Portugal

A quarta revolução industrial em curso está a moldar um novo panorama tecnológico, onde a ligação entre o mundo real e o digital tem ganho ainda maior importância. Tal como a máquina a vapor impulsionou a primeira revolução industrial, a digitalização, o poder dos dados, e a inteligência artificial (IA), entre outros, emergem como o equivalente moderno desse motor de mudança. O metaverso industrial, que deverá melhorar significativamente a engenharia e a produção, é um exemplo claro desta tendência. Não admira, por isso, que líderes de empresas e indústrias de diversas escalas estejam a acompanhar de perto o seu progresso.

Para resolvermos os problemas atuais, como as alterações climáticas ou a escassez de recursos e de capital humano, temos de estar empenhados em criar, com alguma celeridade, tecnologia que transforme o quotidiano das nossas sociedades, algo impossível de alcançar sem a digitalização. O metaverso industrial, um espaço virtual onde a inovação pode florescer em todas as indústrias, é o epicentro dessa visão. Aqui, os profissionais podem tirar proveito dos gémeos digitais e da IA para colaborar em tempo real de forma a encontrarem soluções para problemas complexos.

Em concreto, o metaverso industrial espelha e simula máquinas, fábricas, cidades e redes de energia e de transportes reais, bem como outros sistemas altamente intrincados. Gradualmente disponibilizará aos seus participantes representações e simulações do mundo real totalmente imersivas, em tempo real, fotorrealistas, interativas, persistentes e síncronas. O potencial de transformação é, por isso, enorme.

Mas importa relembrar que o metaverso industrial está ainda a emergir e que existem áreas que têm de continuar a ser desenvolvidas, como a conetividade, a capacidade de computação, a interoperabilidade, a privacidade e a cibersegurança, entre outras. Começará provavelmente em fábricas individuais e depois espalhar-se-á ao longo das cadeias de abastecimento, uma vez que as tecnologias estão a convergir e os ecossistemas a evoluir.

A meta é que acabe por revolucionar todas as indústrias, mudando radicalmente a forma como vivemos e trabalhamos, como constata um estudo da Siemens e do MIT Technology Review. Com o metaverso industrial, queremos acelerar a inovação, promover a sustentabilidade e democratizar o acesso à tecnologia. Ao simular processos num ambiente virtual imersivo, podemos otimizar recursos, reduzir o desperdício e promover práticas mais sustentáveis em todas as fases dos ciclos de vida dos produtos e das infraestruturas. Depois de desenvolver, simular, testar e otimizar, podemos dar vida às melhores ideias e implementá-las no mundo real, rapidamente e com custos mais reduzidos.

Uma das particularidades deste processo de inovação é que as parcerias entre diversas entidades vão ser essenciais. Concretizar o metaverso industrial implicará uma colaboração forte, transversal e aberta com a Academia e unidades de investigação & desenvolvimento, fornecedores, concorrentes e até consumidores, entre muitos outros.

À medida que avançamos nesta nova era de inovação e progresso, é essencial que abracemos o seu potencial transformador e trabalhemos juntos para criar um futuro mais inteligente, mais sustentável e mais conectado para todos.

 

Dar resposta à transição verde

Em termos de objetivos, estamos focados em impulsionar a inovação e democratizar o acesso à tecnologia, e, acima de tudo, em promover a sustentabilidade, pois não nos podemos esquecer de que estamos a viver uma emergência climática. Neste âmbito, destacava quatro áreas em que o metaverso industrial contribuirá para promover a sustentabilidade:

  1. Redução do desperdício na construção e produção, ao revolucionar a forma como construímos e produzimos, reduzindo o impacto ambiental e a acumulação de desperdício;
  2. Fortalecimento do processo de tomada de decisão com simulações em ambiente digital, para obter resultados mais eficientes e sustentáveis;
  3. Por recorrer ao mundo virtual, redução dos custos em testes e experimentação, fomentando progressos no desenvolvimento de soluções amigas do ambiente, nas áreas da energia e dos materiais;
  4. Acesso aos dados, cuja transparência criará mais opções para os consumidores e otimizará as práticas amigas do ambiente.

Mas isto só será possível se todos fizermos a nossa parte. No nosso caso, com a Siemens Xcelerator, uma plataforma aberta e digital, estamos a capacitar empresas de todos os tamanhos e setores a acelerar a sua transformação digital e abraçar o potencial do metaverso industrial. Não é por acaso que fomos reconhecidos recentemente pela revista TIME como uma das 100 empresas mais influentes do mundo e considerados líderes no mercado em crescimento do metaverso industrial pela PAC RADAR.

Estamos a dar o nosso contributo, mas por si só, não vai ser suficiente. Dai ser tão relevante o trabalho, em curso, de sensibilização dos principais intervenientes do setor industrial para tecnologias emergentes, como o metaverso. Temos todos de estar comprometidos em liderar esta revolução – e as próximas – e em moldar ativamente o futuro da indústria e da sociedade como um todo.

 

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