Portugal pode tornar-se um centro de excelência em IA Generativa

Por Pedro Martins, Executive Director & Head of Data & AI da Devoteam

A inteligência artificial (IA) é hoje um dos temas centrais de todas as conversas, quer sejam no âmbito empresaria ou académico e social. Há mesmo quem a considere como uma das tecnologias mais disruptivas do século XXI, e uma força motriz na transformação de diversos setores da sociedade. Mas é a vertente da IA generativa que mais se tem destacado pela sua capacidade disruptiva de interagir com informação não estruturada e criar conteúdos a partir de dados.

Ao longo do tempo, tenho observado de perto a crescente adoção da IA generativa no nosso país, a forma como esta inovação está a impulsionar a eficiência, criatividade e competitividade das empresas portuguesas. Acredito que Portugal, com o seu ecossistema tecnológico em crescimento e uma economia cada vez mais digitalizada, tem a oportunidade de criar vantagens competitivas utilizando a IA generativa.

Senão vejamos de perto algumas métricas. Num estudo recente – “Empower Business with GenAI” – que realizámos, podemos constatar que a IA generativa já está presente em 53,7% das empresas portuguesas. Um valor encorajador, especialmente quando vemos setores como Defesa, Tecnologia, Banca, Utilities e Retalho na vanguarda da sua utilização. No entanto, a adoção é significativamente menor nos setores Público e na Saúde, onde ainda à um longo caminho a percorrer. Esta discrepância evidencia a necessidade urgente de desenvolver políticas e estratégias específicas que facilitem a integração da IA nos vários sectores de atividade.

Um dos principais desafios que acredito enfrentamos para levar a cabo a industrialização da adoção do IA nas organizações é iniciarmos processo de gestão ou “Governance” e adotar frameworks empresariais de IA que respeitem a regulamentação específica para a utilização de IA, leia-se o “European AI Act”.

Sem esta plataforma “enterprise ready” a funcionar, corremos o risco de não explorar todo o potencial da tecnologia de forma ética e eficiente. Na minha opinião, a criação de políticas robustas também é essencial para guiar as empresas na adoção da IA, garantindo que os benefícios sejam maximizados enquanto os riscos são minimizados.

Outro ponto crucial é a capacitação contínua dos profissionais. A IA Generativa tem o potencial de transformar radicalmente a forma como trabalhamos, mas para isso, é necessário que os trabalhadores estejam preparados para utilizar estas novas ferramentas. Considero que os programas de formação e desenvolvimento são essenciais para garantir que todos, desde os níveis operacionais até à gestão de topo, compreendam como aplicar a IA nos seus processos diários.

A par destes desafios, as oportunidades que a IA Generativa traz são vastas. Podemos posicionar Portugal como um líder em inovação tecnológica na Europa, se continuarmos a investir nesta área. Na minha opinião, as empresas que já adotaram esta tecnologia estão a assistir a melhorias significativas na eficiência operacional e na criação de novos produtos e serviços. Além disso, ao embebermos o AI em processos de negócio de forma transversal podemos transformar a prestação de serviços, tornando-os mais acessíveis e de maior qualidade para clientes.

Do meu ponto de vista, a maturidade da utilização da IA Generativa em Portugal poderá transformar o panorama empresarial, em vários níveis, desde a educação e saúde até os negócios e a cultura, de forma muito positiva. As empresas que estão na vanguarda desta tecnologia estão a garantir uma vantagem competitiva crucial.

Contudo, é fundamental que o investimento em IA continue, não apenas para mantermos a nossa competitividade a nível global, mas também para assegurarmos uma utilização responsável e ética desta tecnologia.

Com uma abordagem cuidadosa e estratégica, Portugal pode posicionar-se na vanguarda da revolução da IA, colhendo os frutos de uma sociedade mais avançada e inclusiva. Como otimista que sou acredito firmemente que a IA Generativa não só irá transformar a forma como trabalhamos, mas também como vivemos, proporcionando benefícios significativos para toda a sociedade.

 

 

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