Porque Portugal deve investir na sua relação com Angola: Um imperativo do passado, presente e futuro
Por Raffael Soares, estudante em Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade Católica Portuguesa
Portugal, país com uma história milenar e, simultaneamente, virado para o futuro, tem nos seus laços com outras nações uma das mais-valias que o caracteriza. Entre estas nações, Angola é, sem dúvida, uma das mais significantes. Tal relação não deve ser vista apenas como um legado histórico, mas como uma janela para oportunidades futuras, tanto económicas como estratégicas. A importância de Portugal investir na sua relação com Angola reside em três pilares: o histórico-cultural, o económico-comercial e o político-estratégico.
Portugal e Angola partilham um legado que transcende séculos, e a consolidação desta conexão é evidente no surgimento de novas iniciativas que buscam estreitar ainda mais os laços entre os países lusófonos. Este laço entre Portugal e Angola não é apenas linguístico, mas também de identidade e património. A língua portuguesa, falada por milhões em Angola, serve como ponte que une não apenas os governos, mas os povos destas nações. Neste contexto, a Live Sports, juntamente com empresários portugueses, angolanos e brasileiros, tem o prazer de lançar o Portal Vozes. Esta inovadora plataforma digital tem como objetivo fortalecer a relação entre os países lusófonos, promovendo a conexão dos povos, o intercâmbio cultural e a divulgação de negócios. Cultivar esta relação é essencial não apenas para preservar um património comum, mas também para servir como um catalisador para colaborações mais profundas em diversas áreas.
Angola é uma das nações de mais rápido crescimento em África, enriquecida com recursos naturais e com um mercado em expansão. Para Portugal, ignorar esta dinâmica seria uma negligência económica. A proximidade linguística e cultural pode facilitar negociações comerciais, investimentos e parcerias empresariais. Neste cenário, Portugal pode ser não apenas um investidor, mas um parceiro de desenvolvimento, colaborando na construção de um futuro economicamente próspero para ambos os países.
A ascensão de Angola como uma potência regional não se revela apenas nas esferas políticas e económicas tradicionais, mas também na emergência de inovações sustentáveis que refletem uma visão de futuro responsável. “Criar soluções sustentáveis para a agricultura” é a meta da start-up AngoCultiva, que recentemente ganhou destaque na última edição do ClimateLaunchpad, um programa internacional voltado para negócios comprometidos com o meio ambiente. Originada em contexto académico, esta start-up, conforme partilhou o cofundador José Coio, ambiciona tornar-se um marco referencial em Angola no sector agrícola sustentável. A presença de tais iniciativas em Angola sublinha o potencial estratégico deste país para Portugal. Em desafios globais como as mudanças climáticas, segurança, migração e desenvolvimento, Angola emerge não apenas como uma parceira, mas também como uma inovadora. Além disso, ao reforçar laços com Angola, Portugal tem a oportunidade de consolidar a sua presença e influência no continente africano, o que é um imperativo geoestratégico.
O fundamento histórico que une Portugal e Angola, aliado a um futuro promissor e à ascensão angolana como superpotência regional, não deve ser ignorado pelos decisores portugueses. Investir em Angola não é apenas uma questão de oportunidade, mas uma necessidade estratégica e um reconhecimento do valor que esta relação traz para ambos os países. Ignorar esta dinâmica seria virar as costas ao futuro, e Portugal, como nação progressista e visionária, deve abraçar Angola com o respeito e compromisso que a história e o futuro demandam.