Perspetivas otimistas para o futuro da Meetings Industry

Por Bernardo Corrêa de Barros, Presidente do Turismo de Cascais

Tenho escrito e reforçado em vários fóruns, sobre o impacto devastador que esta pandemia teve sobre a Meetings Industry, também muitas vezes referida por MICE (meetings, incentives, conferences and exebitions), ou seja, e deixando os anglicanismos de fora, toda uma indústria que engloba os eventos corporativos e de incentivos, congressos e conferências, toda uma indústria que está a passar pela maior crise de que há memória.

Apesar de acreditar que esta indústria será seguramente uma das maiores beneficiárias no futuro pós COVID, pela tendência cada vez maior da procura por territórios que passem a noção de uma menor pressão turística, com uma mensagem clara de sustentabilidade e com proximidade à natureza.

A este meu otimismo, acresce o facto de os eventos híbridos serem uma realidade que dificilmente volta atrás. Acredito piamente que também aqui temos uma oportunidade que advém da diminuição da presença física nos eventos, podendo o nosso país, dada a limitada capacidade das suas salas e espaços para congressos, poderem captar congressos e eventos que outrora não caberiam nos nossos espaços, abrindo o leque a uma panóplia de grandes eventos Europeus e Mundiais.

A verdade nua e crua, é que infelizmente muitos vão ficar pelo caminho. Empresas fortes, robustas, saudáveis, com dezenas de funcionários e com cartas dadas a nível nacional e internacional, não vão resistir.

O negócio simplesmente não aparece, os eventos vão sendo sucessivamente adiados ou cancelados, o que faz antever uma retoma muito difícil e mais lenta do que o esperado, e como é sabido, eventos desta natureza são marcados com anos de antecedência.

No panorama nacional, Lisboa e Cascais são neste momento os territórios mais afetados.

Nem tudo são más notícias, dado que no dia 18 deste mês, foi publicada uma boa medida com vista à retoma da atividade económica, levada a Conselho de Ministros pela Secretária de Estado do Turismo.

Pretende a Secretaria de Estado com o seu despacho normativo, criar o Programa Portugal Events, com o objetivo de apoiar a organização de novos eventos de interesse turístico, como forma de dinamizar as empresas, a atividade turística e consequentemente a economia.

Esta medida, que se aplica a todo o território Nacional, com receitas do Turismo de Portugal, terá uma dotação anual de cinco milhões de euros e estará em vigor até 31 de dezembro de 2023, para apoiar eventos de grande dimensão internacional realizados em Portugal, de natureza desportiva, artística, cultural ou científica, bem como, eventos de negócios de dimensão relevante, que contribuam para a imagem de destino turístico da região onde se realizam.

O despacho normativo agora emanado, abre ainda espaço para a submissão de eventos associativos ou corporativos, eventos estes que não estejam consolidados no território onde se realizam, contemplando também o formato híbrido.

É de louvar a defesa pela sustentabilidade ambiental e social, obrigando os promotores de eventos a adotar medidas que visem a eliminação do plástico de uso único, bem como a prioridade à contratação de fornecedores locais.

Bem sabemos que para uma indústria que está a passar o período mais negro da sua história, o valor anunciado pode não parecer muito significativo, mas acredito que esta verba gerida e atribuída de forma criteriosa, venha a dar um importante impulso às empresas que até aqui poucas ferramentas tinham para a atração de eventos, assim como acredito que esta medida, cumprindo os critérios estabelecidos, será geradora de muitas dormidas nos territórios onde estes eventos se realizem, dando assim um impulso a toda a atividade turística.

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