Partilhar competências. Conselho consultivo em organizações sociais

Por Berta Dias Cunha,  Alumni  da 1ª Edição do curso Liderança Social para Gestores da Nova SBE, Management Consultant, Trade Credit Insurance & Risk Management e membro do Conselho Consultivo da Associação ARIA.

Todas as organizações, privadas ou sociais, precisam de definir a sua estratégia e respetivo plano de execução, têm de avaliar o seu propósito e em que medida ele responde às necessidades da comunidade em que se inserem, assim como têm de tomar consciência das suas debilidades e estabelecer planos consistentes para a sua resolução.

A crise pandémica que atravessamos veio colocar uma enorme pressão e exigência à liderança das organizações, em especial às organizações sociais, que, em muitos casos, viram reforçada a necessidade dos seus apoios, mas enfrentando uma maior escassez de recursos humanos, técnicos e financeiros para estruturarem as suas respostas sociais.

Neste enquadramento, dispor de um Conselho Consultivo que apoie a Direção das instituições sociais pode revelar-se um fator determinante para o reforço e diversificação das competências de gestão da organização, permitindo o aumento da sua resiliência e da motivação e compromisso das suas equipas, sem impacto financeiro, dado que os membros do Conselho não auferem qualquer remuneração.

O Conselho Consultivo pode apoiar a Direção nas mais diversas áreas de atuação. A experiência profissional dos seus membros, pode permitir efetuar uma reflexão estratégica abrangente, que contribua para o reforço ou ajustamento dos temas relacionados com a Missão, Visão e Liderança da organização.

Quando as instituições sociais precisam de reforçar a sua sustentabilidade financeira, tema prioritário da gestão da maioria das instituições sociais, ou quando é imperioso tornar a organização mais eficiente para que possa maximizar o seu impacto e assim aumentar as suas respostas à comunidade, o contributo de conselheiros experientes pode ser um fator diferenciador e acelerador do processo de mudança.

A criação ou reforço do plano de comunicação – externa e interna – é outra área critica da gestão das instituições e que pode justificar o apoio do Conselho Consultivo. As organizações sociais têm um papel importantíssimo na sociedade, com enorme impacto na melhoria da qualidade de vida das pessoas que apoiam, mas muitas vezes essa ação não é adequadamente transmitida à sociedade, o que entre outras efeitos, reduz a capacidade de angariação de doadores e voluntários, comprometendo a disponibilização dos fundos necessários à sua sustentabilidade e ao desenvolvimento de novas ofertas sociais. A comunicação interna é igualmente determinante para assegurar o compromisso e motivação das equipas, com enorme impacto no reforço da coesão e eficiência das equipas e da instituição.

O Conselho Consultivo ajuda a Direção a estruturar os projetos e as ações estratégicas que em cada momento se mostrem mais necessários, podendo abranger as mais diversas áreas. Deste modo, é muito importante que a composição do Conselho incorpore membros com experiências profissionais diversificadas e compatíveis com as necessidades da organização, nomeadamente nas áreas da Gestão, Comunicação e Marketing e Recursos Humanos. Em alguns tipos de apoio social pode ainda justificar-se a seleção de conselheiros com experiência técnica relevante, por exemplo na área da saúde ou outras.

As pessoas e as empresas estão crescentemente motivadas para dar o seu contributo social e ajudar a reforçar a sustentabilidade do setor social.

A possibilidade de partilhar e colaborar com equipas que fazem um trabalho tão importante e por vezes em condições tão difíceis foi sem dúvida uma das minhas maiores motivações para desempenhar esta função.

Não menos importante é a aprendizagem e o enriquecimento pessoal que um gestor com experiência no setor empresarial pode obter numa função deste tipo no setor social. O sentimento de propósito que obtemos ao pôr as nossas competências ao serviço do bem dos outros é extremamente gratificante.

Assim, pode concluir-se que o Conselho Consultivo duma instituição social é uma solução geradora de valor quer para a instituição, que reforça a sua liderança e gestão com recursos qualificados adicionais, quer para os seus membros, pelo sentido de propósito que confere.