O que reserva o futuro para o setor hoteleiro?

Por Victor Moure, Country Manager Portugal da Schneider Electric

Os edifícios que consomem muita energia, como é o caso dos hotéis, consomem cerca de 40% da energia mundial e são responsáveis por 36% das emissões de CO2. Se estes números se mantiverem, será impossível alcançar o objetivo traçado pela União Europeia de reduzir em 55% as emissões de gases com efeito de estufa até 2030. Ainda assim, há três dados incontornáveis que demonstram a mudança que o setor hoteleiro está a fazer no sentido de ser uma atividade mais sustentável e eficiente – e que, por sua vez, marcam o caminho a seguir nos próximos anos:

  • 83% dos viajantes em todo o mundo considera que as viagens sustentáveis são vitais, de acordo com o “Sustainable Travel Report” da Booking;
  • 66% dos hóspedes considera o impacto ambiental dos hotéis antes de efetuar uma reserva, de acordo com um recente inquérito da Eurostars Hotel Company;
  • 75% dos hóspedes em 2030 serão millennials, uma geração para quem a utilização da tecnologia e a inovação são essenciais na vida quotidiana, segundo o Bookings Institute.

Perante esta realidade, como deverão ser os hotéis do futuro? Sustentáveis, centrados na experiência do cliente, hiper eficientes e resilientes.

  1. Sustentáveis: o objetivo é reduzir a pegada de carbono e os custos operacionais, garantindo ao mesmo tempo a sustentabilidade e os compromissos ambientais. O setor hoteleiro deve reduzir as suas emissões de carbono em 66% até 2030 e 90% até 2050, para se poder cumprir o limiar de 2ºC acordado na COP21. Para o conseguir, é vital estabelecer uma estratégia de sustentabilidade que se baseie no cumprimento da regulamentação, nos requisitos da economia circular e nos objetivos de sustentabilidade corporativa, bem como no Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (criado pelo Governo português) e numa estratégia para evitar as emissões de Alcance 1, 2 e 3, que também inclua a sua compensação. Para além disso, é necessário estabelecer um Plano de Redução de Consumos, gerir a aquisição de energia renovável e alternativas aos combustíveis fósseis e ainda fazer uma gestão inteligente dos recursos energéticos (com tecnologias de Microgrid).
  2. Centrados na experiência do cliente: o principal objetivo é maximizar a satisfação e melhorar a experiência dos hóspedes. Efetivamente, 42% das queixas provêm de problemas nos quartos, o que diminui a lealdade em até 12 pontos percentuais. Como melhorar, então, a experiência? Personalizando-a, dando aos hóspedes autonomia para gerir o seu quarto e oferecendo-lhes uma experiência de 360º, integrando o controlo do quarto com o BMS e aplicações de terceiros.
  3. Hiper eficientes: tirar partido da tecnologia de IoT para reduzir os custos operacionais, aumentar a eficiência e cumprir as regulamentações através de diferentes vias, como: soluções de analítica de dados, capazes de antever problemas na instalação e reduzir tempos e custos de manutenção; certificações energéticas (LEED, BREEAM, etc.), que aumentam o valor dos ativos; o Decreto-Lei n.º 86/2021, de 19 de outubro, que transpõe a Diretiva (UE) 2019/1161; otimizar a utilização de energia e a e manutenção com relatórios automatizados em tempo real.
  4. Resilientes: para garantir a continuidade do serviço e a segurança dos hóspedes, melhorando ao mesmo tempo o funcionamento e a eficiência energética do hotel. Como consegui-lo? Prestando especial atenção à fase de conceção e engenharia da infraestrutura do hotel, a fim de reduzir os riscos e proteger as receitas, assegurando a segurança e a tranquilidade dos hóspedes e colaboradores. É importante também preparar e permitir que a infraestrutura se adapte rapidamente a eventos adversos, com perdas mínimas e maior informação sobre o estado dos ativos; e, é claro, ter contar com sistemas ciberseguros.

A transformação digital, a tecnologia e a inovação são facilitadores que nos vão permitir alcançar estes objetivos, sempre apoiando-nos em tecnologias abertas e ciberseguras. O futuro dos hotéis tem de começar a desenhar-se hoje mesmo, e Portugal dispõe dos recursos necessários para ser pioneiro nesta área.