O que os colaboradores querem?

Por Nelson Pires, General Manager da Jaba Recordati

As expectativas dos colaboradores de uma organização (como eu) podem ser claras e conhecidas, mas têm também podem ser “iceberg” , ou seja que apenas são conhecidas por alguns colegas e muito pouco pelos seus líderes. Como é óbvio, queremos uma remuneração e fringe benefits adequados (comparativamente com o mercado e os colegas da organização), queremos perspectivas de carreira, reconhecimento, formação e estabilidade. Penso que isto será transversal a todos e conhecido por todos. É isso que negociamos contratualmente. São factores relevantes que atraem talento para as organizações. Mas o factor. “Iceberg” é também crítico pois permite reter talento. São variáveis da organização, difíceis de medir objectivamente, intuitivamente apreendidas pela liderança, algo como “the smell of the place”. Falo aqui dos valores e da cultura da organização. Valores como a justiça (tratar igual o que é igual), o respeito (respeito pelas pessoas e suas diferenças), a confiança (“entregar “ o que se promete) e credibilidade (cumprir o que se promete), a pertinência (estar presente nos bons e maus momentos) e a estabilidade (conhecer o rumo da organização e o que se espera de cada um). Mas também a cultura ESG, ou seja o respeito pelo meio ambiente (environment), pela sociedade e seus valores (social) e uma gestão sustentável e ética (governance). Ninguém se pode sentir bem numa organização com a qual não se identifica. E quem transmite estes valores e a cultura são as pessoas, através dos seus comportamentos. Dos líderes, da gestão, dos colegas, do chefe…por isso julgo que a maior parte das pessoas saem das organizações mais por causa do chefe do que por causa do baixo aumento salarial. Portanto liderar pessoas nas organizações impõe líderes que cultivem estes valores, que construam uma cultura. Líderes transformacionais intuitivos que estejam perto da organização, comprometidos com os objectivos colectivos mas também individuais. E tudo isto acrescido por um mundo BANI. Daí a importância das soft skills na liderança e nas organizações. Assim se podem chamar organizações inteligentes (racional mas emocionalmente também). E estas beneficiam do talento e do compromisso dos seus colaboradores, que atingem níveis de satisfação elevados, quer pessoalmente, quer profissionalmente. Não se limitam a cumprir o horário e atingir objectivos, mas querem concluir o projecto e superar o objectivo. Algo que o dinheiro nunca conseguiu comprar por um período longo!