O que é possível fazer para conciliar pandemia com economia?

Por Bernardo Corrêa de Barros, Presidente do Turismo de Cascais

Como Presidente do Turismo de Cascais esse foi o dilema que se me colocou ao longo desta pandemia. A mim e a todos os profissionais desta indústria severamente afetada.

Está agora anunciada a terceira e última fase do desconfinamento, que durará todo o mês de Outubro e nos colocará mais perto da vida que conhecíamos em 2019 do que alguma vez estivemos nestes últimos tempos. Bares e discotecas vão abrir, com apresentação de certificado de vacinação, que deixa de ser necessário para acesso aos restaurantes e hotéis; os casamentos, batizados, comércios e espetáculos deixam de ter limites de lotação; os grupos em restaurantes deixam de ter limite, os horários também. A venda e o consumo de álcool normaliza-se. São passos importantes para o restabelecimento da economia. Vejo-os com bons olhos e considero que são perfeitamente compatíveis com a nossa segurança. Portugal não é o primeiro país do mundo a abrir quase totalmente. A Dinamarca foi mais radical e já levantou todas as restrições. O Reino Unido, que porventura é o caso mais conhecido, começou a sua abertura com a realização de eventos piloto e está agora open for business.

Em Cascais, nas diversas aberturas que foram sucedendo, também fomos preparando formas de nos adaptarmos a um quotidiano que nos obriga a conviver com um vírus, agora menos perigoso uma vez que 85% da população portuguesa já está vacinada.

Acabamos de realizar o Chefs on Fire, um festival gastronómico único que reuniu 1500 pessoas, ao ar livre, distâncias asseguradas, todas testadas, num evento com música, comida cozinhada no fogo, convívio e em que o mais espetacular foi a normalidade que se respirou. Num ambiente controlado é certo, mas testamos o conceito para um grande evento e funcionou. Funcionou a segurança, funcionou toda a cadeia económica que põe um evento deste tipo em pé, funcionou a possibilidade de famílias e amigos se encontrarem relaxadamente e de desconhecidos se cruzarem sem medo. Sem estar à beira de um arrebatamento diria que, por um momento, fomos todos felizes! Também funcionou a sustentabilidade exigida transversalmente a este tipo de acontecimentos. Não é um aspeto de somenos importância, atendendo a que as alterações climáticas são um dos fatores apontados pelos cientistas como responsável pela maior frequência de pandemias com que provavelmente teremos de viver. O que experienciamos com esta organização foi que, como a proteção da vacina é hoje um dado com que podemos contar, o caminho é replicarmos este tipo de organização adaptada a diferentes fases do ano e a ambientes diferentes para que a nossa vida não seja colocada em risco quer pela falta de saúde, quer pela falta de trabalho.

Sabemos que o Inverno é uma variável cujos contornos ainda não conhecemos. Mas um ano e meio depois conhecemos melhor o vírus, temos mais experiência e as pessoas estão focadas em encontrar soluções para os problemas que a nossa nova vida levanta. Soluções tão rápidas quanto a descoberta da vacina, e nenhuma solução deve ser tão complicada de descobrir!

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