O futuro dos seguros de saúde: Sustentabilidade através da prevenção

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Por Pedro Nini de Oliveira, Associate Director Health & Benefits Portugal

Nos últimos anos, o setor dos seguros de saúde em Portugal tem experienciado um crescimento significativo. Empresas e colaboradores valorizam cada vez mais a oferta de seguros de saúde como um benefício essencial. Este cenário, contudo, traz novos desafios às seguradoras, que enfrentam a difícil tarefa de equilibrar a sustentabilidade financeira com a crescente procura e expectativas dos consumidores.

Atualmente, os custos associados às coberturas de saúde têm vindo a aumentar devido a fatores como a inflação médica, os avanços tecnológicos e a maior utilização dos serviços privados. Esta realidade cria dificuldades para as seguradoras, que precisam de repensar as suas estratégias de forma a garantir que os seus produtos são atrativos, acessíveis e, acima de tudo, sustentáveis a longo prazo. Um caminho promissor para enfrentar esses desafios é a aposta clara na prevenção e promoção da saúde.

A prevenção, incluindo diagnósticos precoces e programas de rastreio, desempenha um papel central no controlo dos custos de saúde e na melhoria da qualidade de vida dos segurados. O setor segurador tem aqui uma oportunidade única de se posicionar não apenas como um fornecedor de cobertura para despesas de saúde, mas também como um promotor ativo de literacia em saúde. A educação do consumidor, através da disseminação de informação útil sobre práticas preventivas e estilos de vida saudáveis, pode ter um impacto decisivo na redução das futuras necessidades de tratamentos dispendiosos e na promoção de um comportamento mais responsável por parte dos segurados.

Além disso, a digitalização do setor é outro eixo estratégico para garantir a sustentabilidade dos seguros de saúde. A telemedicina e outras formas de acompanhamento remoto surgem como soluções vantajosas, tanto em termos de custos como de comodidade para os consumidores. Estas ferramentas não só podem reduzir a pressão sobre os serviços hospitalares, como permitem um acesso mais rápido e eficaz a cuidados médicos, reforçando a importância de prevenir em vez de remediar.

A mudança de paradigma não é apenas uma responsabilidade das seguradoras. As empresas também têm um papel fundamental na promoção de hábitos de vida mais saudáveis entre os seus colaboradores. Encetar políticas de bem-estar que incentivem a adoção de uma alimentação equilibrada, prática regular de exercício físico e uma maior consciência sobre a saúde mental e física pode ter efeitos multiplicadores, tanto na produtividade como no bem-estar geral dos colaboradores.

A saúde mental, por exemplo, ganhou uma relevância sem precedentes durante a pandemia. O isolamento social e o stress vivenciado por muitos durante este período serviram de catalisador para uma reflexão mais profunda sobre a importância de cuidar da nossa mente. As seguradoras têm vindo a responder a esta necessidade crescente, introduzindo coberturas específicas para consultas de saúde mental e opções de acompanhamento remoto. Contudo, o caminho ainda é longo, e a transformação das ofertas precisa de continuar.

Num cenário onde as prioridades dos portugueses evoluem, os seguros de saúde terão de se adaptar continuamente. O futuro deste setor dependerá, em grande medida, da capacidade das seguradoras em redesenhar os seus produtos com base nas necessidades emergentes dos consumidores, promovendo uma abordagem preventiva e centrada no bem-estar total. Esta transformação permitirá conciliar melhor as exigências da vida pessoal e profissional com a gestão da saúde.

A aposta na prevenção não só trará benefícios a nível individual, melhorando a qualidade de vida, mas também contribuirá para a sustentabilidade do sistema de seguros, assegurando que este continua a ser viável e capaz de responder aos desafios futuros.

Por outro lado, acreditamos também que a sustentabilidade deste benefício poderá carecer de uma partilha de custos com os trabalhadores e de mais opções de coberturas, que vão ao encontro de necessidades de uma população mais diversa, como a que temos hoje no mercado laboral. Já temos hoje uma amostra de como tal pode funcionar, quando utilizamos programas de benefícios flexíveis, mas acreditamos que existe ainda um potencial de oferta não explorado.

Em suma, o comportamento mais consciente dos das pessoas seguras, estimulado por estratégias eficazes das seguradoras e das empresas, pode realmente fazer a diferença.

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