O caminho da sustentabilidade não precisa de ser solitário

Por Patrícia Garcia, Equipa de Sustentabilidade da Critical Software

O mundo atual é palco de cenários cada vez mais contrastantes: a inovação, o avanço tecnológico e científico, o aumento da riqueza e a globalização andam lado-a-lado com a fome, a guerra, a corrupção, as injustiças sociais e, não menos importante, a destruição dos ecossistemas e as alterações climáticas, entre tantos outros. A crença de que o progresso material e científico sozinhos conseguiriam construir um mundo assente na paz, na prosperidade e no bem comum tornou-se uma distopia e reduziu o ser humano e o planeta a meras (e para alguns, inesgotáveis) fontes de recursos. Ao longo dos últimos 50 anos, o termo “Sustentabilidade” foi ganhando forma e convicção, trazendo à luz a necessidade urgente de mudança de paradigma de desenvolvimento que integre estas três dimensões, ou o triple bottom line (People, Planet and Profit).

A ONU visando difundir e implementar um plano de ação estratégico e universal redigiu a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, onde definiu 17 objetivos (ODS) para mobilizar esforços globais para atingir metas comuns como a erradicação da pobreza ou o acesso à saúde e à educação de qualidade, entre outros. O caminho para a sustentabilidade é um caminho de concertação e construção, em que não só as organizações governamentais, mas todos os agentes económicos (coletivos e individuais) são chamados a participar activamente na promoção de sociedades pacíficas, sustentáveis e inclusivas, tornando-se eles próprios agentes eficazes, responsáveis e inclusivos em todos os níveis.

O mundo atual não se compadece mais de empresas que encaram a Sustentabilidade como um fardo ou obrigação legal. O mundo necessita cada vez mais de empresas com consciência cívica e planetária e que integrem os valores da sustentabilidade no seu ADN cultural e na sua estratégia de negócio. As empresas precisam da comunidade onde se inserem para crescer e as que apostam em estratégias que “olham unicamente para dentro” devem preparar-se para falhar. Os stakeholders, trabalhadores e os próprios consumidores são mais exigentes e procuram activamente empresas que assumam compromissos reais e transparentes de sustentabilidade.

Como Estado, como empresas e como sociedade, temos o dever moral de agir. Devemos encarar a Agenda 2030 como um roteiro para a ação, mas não podemos esperar que a mudança venha apenas de cima para baixo.  É essencial promover uma união estratégica entre entidades públicas e empresas privadas que permitam criar novas soluções, disruptivas e impactantes, criando sinergias com as ONG’s enquanto especialistas no terreno que identificam as necessidades.

É hora de as empresas abraçarem uma nova visão de sustentabilidade, que vá além das doações pontuais e de ações de relações públicas. É preciso investir no futuro das comunidades, capacitar os colaboradores, apoiar projetos e promover uma cultura de solidariedade e inclusão. Como diria Paul Ricoeur, é a busca pela “vida boa com e para os outros nas instituições justas”

Nós, enquanto empresas, temos o poder de fazer a diferença. Transformemos o “devolver à comunidade” numa estratégia central de sustentabilidade empresarial, pois, só assim, podemos construir um mundo mais justo para as gerações atuais e futuras.

 

 

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