Negócios de Plataforma e Ecossistema. Os novos conceitos da gestão. Parte 2: Negócios de Ecossistema

Por Luis Rasquilha, CEO da Inova TrendsInnovation Ecosystem (Research, Consulting, Business School, Online, Club). Professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Hospital Albert Einstein e ESALQ/USP (Universidade de São Paulo)

A primeira parte deste artigo dedicou-se a explorar o conceito de negócio de plataforma, conceito que será nesta década absolutamente transformador da forma de fazer negócios.

E terminei esse artigo com a seguinte frase/reflexão:

A estratégia mudou. Evoluiu do controle de recursos internos exclusivos para a orquestração de recursos externos. Ao invés de criar barreiras competitivas, conquistar comunidades vibrantes.

Neste momento, espero que concorde que a tese da escola clássica de gestão, que atribuía o sucesso às organizações que se pautavam em Hierarquia, Processo, Cadeia de Valor, Produto e Força, talvez esteja sendo substituída por outras premissas. E outras formas de atuação e modelos de gestão devem ser consideradas.

Um dos que mais emergirá nos próximos anos como modelo de atuação é o designado negócio de ecossistema, que se resume em quatro ingredientes:

  • Um conjunto de Unidades de Negócio ao redor de um DNA claro e inequívoco;
  • Negócios que colaboram entre si e que geram negócios uns para os outros;
  • Negócios que são liderados por experts em cada área, mas que comungam dos mesmos valores e DNA;
  • Alta capacidade de inovação.

Um ecossistema é então um movimento de efeito de rede aberta, considerando todas as interações que suportam o negócio, com diversos players que se complementam entre si e permitem a descentralização da operação numa lógica win-win e focado numa evolução da cadeia de valor tradicional (na lógica de pipeline) para algo mais interativo, flexível e descentralizado.

Desafiador, mas altamente diferenciador também. E nesse sentido há que destacar os fatores críticos de sucesso ao se pensar em criar ou participar de um ecossistema:

1) O DNA é o coração do conceito. Para se criar uma comunidade vibrante, o DNA é o elemento que cria a conexão mais forte. Sem um DNA claro e inequívoco, você é apenas mais um no mercado;

2) O Ecossistema forte deve ter os quatro ingredientes. A falta de um deles pode comprometer a sustentabilidade do ecossistema.

Dito isso existem (como em tudo) vantagens competitivas de um ecossistema e que tem seus desafios:

Vantagens competitivas:

  • Colaboração
  • Ofertas mais “completas”
  • Lifelong Learning
  • Credibilidade

Desafios:

  • Conciliação de visões
  • Delimitação de fronteiras
  • Ofertas ganha-ganha
  • Sobreposição de ofertas

Um exemplo, clássico, é o da Amazon que ao longo dos tempos tem conseguido estruturar o seu negócio como um ecossistema bem completo conforme se pode ver abaixo:

Talvez este seja o estado da arte uma vez que este é um ecossistema tão evoluído que todos os seus integrantes são hoje parte da mesma empresa.

Ao ler estas linhas sempre nos questionaremos sobe os caminhos serem percorridos pelo negócio onde atuamos. Temos duas opções:

1) Seguir a jornada como está e com as convicções atuais, com todos os ónus e bónus que isso traz, e riscos também, mais ainda num contexto altamente volátil como o atua, ou

2) Desenhar o planeamento estratégico prospectivo, fazer novas apostas e eventuais renúncias, considerando:

  • Novos vetores de crescimento
  • Novos modelos de negócio
  • Transformação em Plataforma
  • Transformação emEcossistema
  • What else…

Professor Ram Charan colocava estas duas opções da seguinte forma: Mantenha como está e saiba que em algum momento, mais próximo que distante, a curva vai inverter. Mude como é necessário e saiba que será uma escalada de erros e acertos, mas com certeza mais longeva que ficar no mesmo lugar. A imagem abaixo ilustra bem esse pensamento:

Vale a reflexão final trazida por John Chambers:

As empresas morrem porque fazem bem as mesmas coisas durante tempo demais.
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