IA generativa: muito mais que um fenómeno tecnológico

Por João Godinho, Senior Security Researcher da Kaspersky

Entre todos os avanços tecnológicos e transformações sociais, a inteligência artificial (IA) foi o que mais adquiriu popularidade nos fóruns internacionais nos últimos tempos. No último ano, este termo tem proliferado nas notícias, em estudos corporativos e em relatórios tecnológicos, afirmando-se assim como a palavra do ano de 2023, de acordo com o Collins English Dictionary.

Segundo um estudo da McKinsey, cerca de um quarto dos executivos de topo admitiram abertamente que utilizam ferramentas de IA para executar as suas tarefas, o que demonstra o reconhecimento generalizado do impacto da IA no âmbito corporativo. Este mesmo estudo também revelou que 79% dos inquiridos, independentemente do cargo, contactam diariamente com ferramentas de IA, seja no trabalho ou em casa.

A evolução desta tecnologia tornou-se numa questão de elaboração de políticas e de regulamentação. As nações e as organizações internacionais criaram iniciativas com o objetivo de regular e orientar o futuro da IA, tanto a nível regional como mundial.

Os membros do G7 foram pioneiros na criação de estratégias para a utilização responsável da IA. As Nações Unidas, para honrar o seu compromisso, criaram o High-Level Advisory Body on AI, uma equipa de conselheiros, com o objetivo de orientar, eticamente, a utilização da Inteligência Artificial.

O interesse pela regulamentação da IA é bem visível na generalidade das regiões do globo. A Europa está a elaborar uma lei que introduz uma abordagem baseada nos índices de risco da utilização da inteligência artificial. Já no Sudeste Asiático, a ASEAN encontra-se a desenvolver um guia para a ética e governação da IA, enquanto a União Africana elaborou uma estratégia continental que será adotada em 2024.

Independentemente das decisões que serão tomadas, o rumo é claro: a IA generativa não é um mero fenómeno tecnológico, mas sim uma força global que transformará o mundo e a forma como trabalhamos, pensamos e governamos. As suas vantagens são inúmeras. Contudo, teremos de considerar também os desafios e consequências associadas à nova realidade. A transversalidade da IA torna impossível de conter a sua influência no âmbito da cibersegurança, o que por si obrigará a vigilância acrescida para mitigar os potenciais riscos.

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