Falou-se de sustentabilidade em Madrid

Por Margarida Louro, CFA Associate Partner | ESG Department

A segunda edição do ESG Summit Europe 2024 decorreu no Teatro Albéniz, em Madrid recentemente, reunindo líderes de empresas, investidores, reguladores, agências de classificação, consultores, académicos e outros stakeholders importantes para discutir e promover práticas sustentáveis.

O evento trouxe muitos novos insights dirigidos às pessoas ou organizações interessadas em liderar a jornada transformadora do ESG. Foi possível assistir a várias discussões sobre os desafios mais atuais e as inovações técnicas e tecnológicas em matéria de ESG para as quais nos devemos urgentemente preparar

Constatamos que vamos assistir a mais mudanças que não serão necessariamente boas e estão muitas vezes relacionadas com fatores que não controlamos, como o caso da pandemia, dos conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia. Ao nível empresarial é urgente alterar a visão de criar valor ao acionista para um modelo centrado no sistema. Nessa perspetiva as empresas abordam as necessidades da sociedade de uma forma holística, não impedindo o progresso em direção a um futuro mais próspero.

Nesse seguimento é fundamental que as empresas comecem a olhar para o seu propósito final e, o Relatório de Sustentabilidade é uma ferramenta para medir e comunicar o progresso, ao contrário do que muitas organizações pensam. O verdadeiro propósito é a estratégia da empresa e o acesso aos dados necessários para tomar decisões informadas e eficazes. A estratégia ESG deve ser integrada aos objetivos gerais da empresa, guiando suas ações e decisões para alcançar um impacto positivo e sustentável.

Outro conceito muito interessante, abordado foi o regenerative thinking que vai além da sustentabilidade tradicional, focando-se em restaurar e regenerar os sistemas naturais e sociais. Este conceito propõe que as empresas para além de minimizar os seus impactos negativos, devem também criar um impacto positivo, regenerando recursos e comunidades. Integrar o regenerative thinking nas estratégias ESG pode levar a inovações que beneficiam tanto o meio ambiente quanto a sociedade, promovendo um ciclo virtuoso de crescimento sustentável.

Outra temática crucial quando se fala de ESG são as emissões da cadeia de valor que desempenha um papel crucial na implementação de práticas ESG. As organizações líderes em ESG, geralmente grandes empresas, para além de otimizar as suas operações internas, devem também apoiar e garantir que os seus fornecedores e parceiros seguem práticas sustentáveis. A gestão socioambiental integrada da cadeia de valor envolve negociações e compensações com diversos agentes económicos, assegurando que toda a cadeia contribua para os objetivos ESG. Este enorme trabalho deve ser concretizado em conjunto e numa lógica não de competição, mas de entreajuda.

Frederick Royan, Global Practice Area Leader for the Sustainability & Circular Economy practice na Frost & Sullivan, EUA, deixou-nos uma excelente pista para a definição de uma estratégia ESG, a metodologia dos 6Ps: Políticas, Produtos, Processos, Pessoas e Personas, Parcerias e Plataforma.

Políticas: Estabelecer diretrizes claras que alinhem as operações da empresa com os princípios ESG.

Produtos: Desenvolver produtos que minimizem o impacto ambiental durante todo o ciclo de vida e investir em I&D para a criação de novos produtos ecológicos e eficientes.

Processos: Otimizar processos para reduzir desperdícios e emissões. Implementar tecnologias que melhorem a eficiência e reduzam o impacto ambiental.

Pessoas e Personas: Garantir a formação dos recursos humanos para que compreendam, se envolvam e apliquem os princípios ESG. Incentivar a participação ativa dos trabalhadores em iniciativas sustentáveis e promover um ambiente de trabalho inclusivo e diversificado.

Parcerias: Constituir parcerias com organizações que compartilhem os mesmos valores ESG. Envolvimento com a comunidade local para a promoção de práticas sustentáveis. Trabalhar com fornecedores que adotem práticas sustentáveis.

Plataforma: Utilizar plataformas tecnológicas para monitorizar e reportar o desempenho ESG. Adotar novas tecnologias que suportem a sustentabilidade e a economia circular.

Esses elementos, quando bem desenvolvidos e integrados, podem fortalecer significativamente a estratégia ESG de uma empresa, promovendo um impacto positivo tanto internamente quanto externamente.

Para os profissionais que trabalham nesta área é crucial perceber que o caminho se está a fazer.

O rumo é a direção estratégica que devemos seguir para alcançar os objetivos ESG. Envolve a definição de metas claras, alinhadas com os valores e propósito da organização.

O ritmo é a velocidade e consistência com que as iniciativas ESG são implementadas. É crucial manter um ritmo constante para garantir progresso contínuo e evitar retrocessos.

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