Eficiência energética – Apenas ao alcance de alguns….

Por Ana Bernardo, Diretora Executiva da ACEMEL

É sabido da importância da eficiência energética principalmente a nível da sua transição e respetivo impacto ambiental na prossecução das metas mundiais e europeias debatidas em diversas conferências e cimeiras.

Contudo, embora ao nível global e de grandes organizações e setores esse trabalho esteja a ser desenvolvido de forma mais aprofundada, ao nível individual deveriam ser mais debatidas e implementadas políticas que permitissem que cidadãos comuns atingissem a eficiência energética nas suas habitações.

Isto porque, apesar de ser uma ideia generosa, o acesso aos fundos ambientais promovidos pelo Estado não se encontra ao alcance de todos. Para se conseguir candidatar aos mesmos, é necessário que a antecipação de pagamento já tenha sido efetuada, ou seja, que o investimento já tenha sido efetuado nas respetivas habitações e só posteriormente é que os cidadãos serão reembolsados. E num contexto em que muitos dos candidatos aos apoios não terão facilmente capacidade financeira para tal e num parque habitacional ainda claramente deficitário ao nível do conforto térmico e, consequentemente, da eficiência energética.

Os financiamentos nunca atingem os 100%, e englobam a instalação de painéis solares, máquinas de ar condicionado e obras estruturais que permitam um bom condicionamento térmico como instalação de novas janelas e capoto. E, como referência, os reembolsos são em média efetuados num período de mais de um ano e meio.

Dadas estas premissas, ficam por atingir outros princípios que se encontram subjacentes à Diretiva 15/2022 de 14 de janeiro que são o da democratização energética e erradicação da pobreza energética.

Seria importante repensar em modelo de financiamento, através de políticas e medidas mais direcionadas para os cidadãos que tenham carências económicas, antecipando-lhes o respetivo financiamento e indicando-lhes quais as ações a serem tomadas nas suas habitações de forma a garantir eficaz eficiência energética.

Não se deve descurar a importância destes apoios para os cidadãos com um suporte financeiro superior, mas sim, repensar o modelo existente de forma a torná-lo mais inclusivo e democrático.

A eficiência energética deveria estar ao alcance de qualquer cidadão!

 

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