Uma questão de literacia…

Por Ricardo Florêncio

O nível de literacia, de conhecimento, de um povo, é uma das pedras essenciais do seu desenvolvimento e a base para o seu crescimento. E essa, é uma das variáveis que está a contribuir para o nosso fraco desempenho ao nível de desenvolvimento. Somos dos países com um maior nível de iliteracia. E não se pense que é só uma questão da população mais velha, que a nova geração é a mais bem preparada, pois, e como já se escreveu aqui, os últimos dados dos relatórios de Pisa não reflectem esta situação. E também quando se constata que houve milhares de alunos que durante este último ano lectivo, não tiveram professores a pelo menos uma disciplina, e que nas mais afectadas por esta situação, encontramos o Português e a Matemática, então percebemos que não estamos a caminhar na direcção certa.

Várias empresas e organizações desenvolvem um trabalho de muito mérito no combate à iliteracia, desenvolvendo iniciativas, acções e campanhas, a diversos níveis e dos mais variados temas. Mas tenhamos consciência que não vai chegar. Tem mesmo de ser uma acção nacional, numa grande conjugação de esforços de todos, ao nível da literacia financeira, da saúde, dos hábitos alimentares, dos hábitos do dia-a-dia, da cidadania, de um vasto campo de temas.

P.S.: E faço uma adenda a esta nota, no final da noite das eleições Europeias 2024. Não consigo encontrar nenhum motivo de regozijo, quando dois terços dos nossos eleitores não vão votar nas eleições para o Parlamento Europeu. Mesmo que tenha melhorado três ou quatro pontos, face às últimas eleições europeias, é motivo de preocupação, e sim, de iliteracia, que os portugueses não percebam o quão é importante hoje, e como nos impacta, as decisões que são tomadas ao nível da União Europeia.

Editorial publicado na revista Executive Digest nº 219 de Junho de 2024