Um Portugal retalhado!

Por Ricardo Florêncio

Em vésperas de eleições autárquicas, marcadas para o dia 26 de Setembro, é altura de voltar a falar neste Portugal “retalhado”. Faz sentido que um País com esta dimensão e população, tenha 308 concelhos (das quais 11 na Madeira, e 19 nos Açores)? E que tenha um total de 3091 freguesias (das quais 54 na Madeira e 155 nos Açores)? Faz sentido toda esta esquadria, esta divisão em tão pequenas parcelas? Faz sentido toda esta estrutura? E servirá efectivamente os nossos interesses? Penso que não. O País, os cidadãos, a economia, teriam muito a ganhar se não houvesse esta divisão em tão pequenas parcelas e em tão grande número. Poderíamos ter melhores serviços, melhores infra-estruturas a diversos níveis, nomeadamente na Saúde, Educação ou Justiça e uma gestão mais assertiva e rápida dos diversos assuntos. E não vale a pena vir com questões ideológicas de centralização e descentralização, pois isso só serve para criar ruído. Se dois ou três concelhos se juntassem, poderiam criar uma rede de distribuição de atribuições e responsabilidade entre si e, em vez de terem duas ou três infra-estruturas do mesmo serviço, mais pequenas e porventura ineficientes ou com escassez de recursos e investimento, teriam umas com uma qualidade muito superior de meios técnicos e humanos. Isto seria o caminho a seguir. Agora, para que isto acontecesse, teríamos de mudar algumas mentalidades de “quintinhas”, e olhar para o todo, e bem comum. Será possível? Espero que sim, e para o bem de todos, que a partir de 27 de Setembro nos debrucemos sobre este tema!

Editorial publicado na revista Executive Digest nº 186 de Setembro de 2021