Os quadradinhos de Portugal!

Por Ricardo Florêncio

Ao longo da manhã foram apresentadas por Presidentes, CEO, Administradores e Empresários de diversos sectores, as ideias que desejavam ver implementadas para Portugal crescer e desenvolver-se. Na edição de Janeiro iremos fazer uma reportagem alargada sobre esta Conferência e as suas ideias, pois irão decerto funcionar como caderno de encargos para os nossos governantes. Hoje irei alongar-me na primeira ideia apresentada, e com a qual me identifico. A necessária reorganização administrativa de Portugal. A actual não faz sentido, não é eficaz, nem eficiente. Portugal está todo esquartilhado em quadradinhos. Portugal tem 308 concelhos e 3092 freguesias. Faz algum sentido, num País desta dimensão? Castelo Branco tem 11 concelhos, Bragança tem 12, Guarda tem 14, Vila Real 14, Portalegre 15, Aveiro 19 e Viseu tem 24 concelhos. Porquê? Para quê? Por razões de ordem histórica? Há muito que deixou de fazer sentido. Não tenho dúvidas do papel importantíssimo que as autarquias, e o poder local, desempenham para o apoio às populações e ao desenvolvimento das diversas zonas. Mas será este o modelo mais funcional? Será assim que melhor se apoia e desenvolve as diversas regiões de Portugal? Tenho dúvidas. Muitos destes concelhos não têm estruturas suficientes para desenvolver as suas atribuições, como se pode facilmente constatar. E a maior parte dos seus recursos são gastos em despesa corrente, sobrando pouco das suas receitas para investimento produtivo. Também é verdade que as Câmaras municipais são dos principais empregadores de diversas zonas. Mas, se nada for feito, é mesmo tapar o sol com a peneira, pois é um problema que se vai varrendo para debaixo do tapete. Nada se resolve, apenas se adia. Faz por isso sentido que não se adie mais esta situação e se proceda à fusão destes concelhos, para que ganhem mais volume, capacidade de resposta e importância.

Editorial publicado na revista Executive Digest nº 165 de Dezembro de 2019