Não há dinheiro para tudo!

Por Ricardo Florêncio

Esta é daquelas sentenças que nunca poderá ser esquecida. É um princípio, é uma regra.

E embora alguns nos tentem fazer querer que a dívida pública é um poço sem fim, não é nada assim. Não gastar mais do que se tem, tem de fazer parte do nosso ADN. Tudo tem a ver com escolhas e há neste momento três opções: aumentar o investimento público, aumentar o número de funcionários públicos e o seu rendimento, ou diminuir os impostos. Apenas e só com estas três possibilidades a escolha não é fácil. Aumentar o investimento público? Claramente sim! E entre os mais prioritários há dois sectores: a Saúde e os Transportes. Duas áreas essenciais, que deveriam estar na primazia das preocupações do Estado e governos, mas que foram sendo deixadas para trás. Portugal tem uma carga de impostos directos desmesurada, obscena. Faz assim sentido aligeirar essa mesma carga. Quanto aos indirectos? Pois, voltamos ao título desta nota: Não há dinheiro para tudo. A questão dos funcionários público é porventura a que traz mais opiniões divergentes. Tem de se aumentar o número? Porquê? Não chega? Porventura estão é mal alocados às tarefas que desempenham. Porque há áreas em que há falta de recursos. Mas não haverá outras em que há excedentes? Outra justificação prende-se com a redução da carga horária semanal para 35 horas. Esta situação ainda causa mais discussão. Porque entra-se numa zona de conflito e fricção entre o público e o privado. Porquê 35 horas, quando no privado é 40? Porque o público tem um ordenado mínimo mensal maior? Porque o público tem regras de reforma mais simpáticas? Porque o público tem uma série de benesses que o privado não tem, como, e entre outras, a ADSE? Se os funcionários deverão ser mais bem pagos? Sim, mas alguns. Aqueles que merecem, que se destacam pela sua produtividade, desempenho, pelo seu trabalho. E aqui reside o problema no sector. É possível fazer esta separação? De aumentar, premiar apenas os que merecem? Ou tem de ser igual para todos? Tanto para o que trabalha, como para o que se esforça muito pouco? Por isso, apenas só tendo em conta estas três opções, a escolha não é fácil. Mas têm que ser tomadas opções e decisões. E estas têm de ser bem estudadas e com um princípio muito básico: o interesse de Portugal e dos portugueses acima de tudo!

Editorial publicado na revista Executive Digest nº 159 de Junho de 2019