Há qualquer coisa no ar!!!
Por Ricardo Florêncio
Já escrevi várias vezes, e corroborado por todas as pessoas, que sem um sistema financeiro, bancário, estabilizado e a trabalhar normalmente na sua actividade, não é possível que estejam reunidas as condições necessárias e suficientes para um correcto funcionamento e desenvolvimento da economia, das empresas, do País.
Sempre que há indícios que estamos a caminhar para essa estabilização, logo há novos desenvolvimentos que levam exactamente para o oposto……
Escrevo este editorial numa altura em que diversas personalidades de diversos quadrantes políticos (e aqui a óbvia surpresa!!!) apontam a nacionalização, mesmo que temporária (seja lá o que isso for!) como a medida mais correcta para resolver a questão do Novo Banco. Só de si, o termo e o que isso acarreta e relembra deveria provocar crises de urticária a algumas dessas pessoas. E assim, ficam muitas dúvidas e questões que estão por esclarecer.
Uma coisa é considerar o Novo Banco como “banco de transição”, outra coisa é nacionalizá lo. E vem logo à memória a situação do BPN. O que nos custou, e ainda custa todos os anos, a nacionalização do BPN. É isto que nos espera na possível nacionalização do Novo Banco? Até agora, o processo BES / Novo Banco já custou 6,9 Mil Milhões de Euros. E agora, quanto vai custar mais? E afinal, quem paga esta conta? O Estado, ou seja, os contribuintes? Fundo de Resolução? Sim, que é quase tão ridículo que sejam os contribuintes a pagar esta conta, como sejam os outros bancos, através do Fundo de Resolução. Mas alguém vai pagar a conta! Há dois anos e meio, desde Agosto de 2014, que temos o Novo Banco em processo de venda. Ou seja, com supervisão do Estado, ou de entidades públicas, mas tendo em vista a sua estabilização, e posterior venda ao sector privado. E agora a sua nacionalização, ainda que temporária, é apresentada como a melhor solução para o sistema financeiro, para o País, para a Economia, para os contribuintes?
Não dá para perceber muito bem e, por isso, convirá que se explique!
Editorial publicado na edição de Janeiro de 2017 da revista Executive Digest