Estado de alma!

Por Ricardo Florêncio

Atendendo a que se trata de um conjunto de 160 presidentes e/ou CEO’s das principais empresas a operar em Portugal, interessa aferir e analisar os resultados, pois acabam por dar uma imagem objectiva do que as nossas empresas e os seus responsáveis pensam sobre alguns dos temas mais importantes. Apenas alguns exemplos: 98% das respostas afirmam que a estabilidade nas políticas fiscais e legislativas são factor primordial para incentivar a captação do investimento directo estrangeiro em Portugal. Estando o nosso País tão dependente deste mesmo investimento estrangeiro, a questão que se coloca é, apenas, por que razão não existe esta estabilidade, mas, pelo contrário, assiste-se a um constante ziguezaguear destas políticas. Outra conclusão prende-se com o facto de mais de 70% dos inquiridos responderem que a burocracia e os impostos são os factores que mais negativamente influenciam a competitividade das suas empresas. Não é surpresa, mas não deixa de ser relevante. E se os impostos podem ter mais variáveis em jogo, a questão da burocracia já deveria ter sido resolvida. Outro dado relevante deste 8.º questionário prende-se com a questão do crescimento do volume de negócios e do investimento: 74% dos inquiridos estimam que o volume de negócios das suas empresas vai aumentar mais de 2,5% face ao ano passado. Em 2018, essa percentagem era de 76%. Quando a questão se coloca no aumento do investimento que esperam para 2019, os dados são diferentes: 63% afirmam que o volume vai aumentar mais de 2,5% face ao ano passado. Mas, 35% das respostas mostram que o volume de investimento se vai manter ou diminuir face a 2018. No ano passado, esse valor era menos de 30%. Ou seja, as empresas esperam que em 2019 as taxas de crescimento do volume de negócios se mantenham estáveis, o que é uma boa notícia. Contudo, dão mostras de algumas reservas e há as que, nesta altura, perspectivam baixar os seus níveis de investimentos. Esperamos que seja apenas uma questão de gestão cautelosa e que não haja motivos para esta situação.

Editorial publicado na revista Executive Digest nº 155 de Fevereiro de 2019