E depois da Pandemia, a Guerra!

Por Ricardo Florêncio

Nos últimos dois anos vivemos uma situação única que resultou numa quebra mundial acentuada a todos os níveis. Quando estávamos a assistir a uma recuperação da economia a nível global, e se esperava o retomar de uma certa normalidade, e com crescimentos acentuados, surge uma guerra. E é uma guerra diferente de todas as outras. Parecia impossível acontecer, mas é na Europa, em pleno século XXI, tratando-se de uma invasão de um país soberano. Um país que é o segundo maior da Europa, com mais de 600 000 quilómetros quadrados. E é uma guerra que, estando a decorrer a quatro mil quilómetros de distância, estamos a senti-la de um modo muito mais profundo, pois estamos a acompanhar diariamente ao seu desenrolar, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, a assistir à destruição de um país, à morte de milhares de pessoas, ao desespero de milhões. Não podendo comparar-se de modo nenhum com o sofrimento de quem está a viver a guerra nos locais bombardeados, à fuga de milhões de pessoas, deixando para trás uma vida e as pessoas que lhes são queridas, já sentimos em Portugal os efeitos da mesma. Se a pressão da inflação, e todos os seus efeitos correlacionados, já se vinham a sentir desde o final do ano passado, esta guerra trouxe um crescimento exponencial dos custos das matérias-primas, de todos os custos das cadeias de produção e de distribuição, com o aumento imediato dos preços finais. Os custos dos cereais, de energia, e de outras matérias-primas essenciais são os mais referidos, mas são apenas a ponta do iceberg. Tudo a jusante verá os seus preços aumentar, não se sabendo até quando, e até quanto. Deste modo, todas as expectativas criadas no que toca a uma recuperação da nossa economia, das empresas, e de uma melhoria acentuada das condições de vida da sociedade, ficam comprometidas.

E se para a pandemia estivemos sempre esperançados na chegada das vacinas, e tínhamos essa luz ao fim do túnel, qual a “vacina” para esta Guerra e seus efeitos?

Editorial publicado na revista Executive Digest nº 192 de Março de 2022