As Ideologias e o Racional!

Por Ricardo Florêncio

Escrevo esta nota, numa altura em que se discute o Orçamento Geral do Estado para 2025. E talvez muitas pessoas se esqueçam da importância que este documento tem. Não é apenas uma folha de cálculo onde foram inseridos um conjunto de números. Não. Trata-se de um documento que reflecte muito do que se vai passar nos anos seguintes. São as grandes opções, e onde estão apresentadas as regras que vão ser aplicadas na área de rendimentos, na área fiscal, economia, laboral, habitação, saúde, segurança, sociedade, e por aí em diante. Sim, é um documento importante, nomeadamente em Portugal, em que o Estado tem um papel importante e uma participação muito activa na Economia. Por isso deveria ser discutido com toda a racionalidade e deixar toda a carga de ideologia um pouco de lado. Mas, infelizmente, não é isso que acontece. Somos diariamente servidos com episódios, acontecimentos corriqueiros, de guerrilha, de diz que disse, que em nada servem o propósito que deverá ser, o que será melhor para Portugal. O que se deveria estar a discutir era as razões e motivos que levam a que Portugal apenas cresça 2% ao ano nas últimas décadas, e o que fazer para acelerar. Onde deveremos apostar efectivamente para termos uma Economia mais competitiva? Que tipo de infraestruturas nos faltam, que estão a emperrar o nosso desenvolvimento? Como apostar na inovação? Ou na industrialização? Como começar a passar a imagem de um Portugal com produtos de alta qualidade, mas que sejam muito mais valorizados na cadeia de valor? Qual a razão por que temos um baixo nível de investimento? Se a regulação que temos hoje é a adequada, ou se é excessiva e limitadora em diversos sectores. Como reformar o nosso serviço nacional de Saúde, a Justiça, a Educação. Ou seja, há muitos temas sobre os quais deveríamos estar a incidir a nossa atenção e a investir o nosso tempo, deixando de lado quezílias entre pessoas e forças partidárias, que em nada adiantam e acrescentam.

Editorial publicado na revista Executive Digest nº 223 de Outubro de 2024


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