Dia Mundial da Poupança: como falar sobre dinheiro em casal

Por Patrícia Correia, Regulatory and Tax Analyst na Natixis em Portugal

Definir uma estratégia financeira em casal ou em família é mesmo isso, uma estratégia, semelhante ao que acontece nas empresas. Contudo, quem fala de dinheiro tem imediatamente associadas a si conotações negativas, como ganancioso(a) ou oportunista, e isso não rima com amor. Por esse motivo, um grande número de divórcios ocorre em períodos de crise financeira, uma vez que os casais não sabem planear as suas finanças ou abordar o tema.

Falar de dinheiro em casal pode começar com a definição de como serão pagas as despesas a dois. Mas poupar? Também será a dois? Muitas vezes ouço casais questionar qual a melhor forma de gerir as suas finanças, “contas separadas”, “conta conjunta” ou “minha, tua e nossa”, mas a verdade é que não existe uma fórmula perfeita.

Mais importante do que definir como serão pagas as despesas, é definir o que precede os encargos, sendo fundamental os casais estarem alinhados quanto aos objetivos individuais e conjuntos. Para tal, deixo cinco dicas para que falar sobre dinheiro em família não seja um problema e comece, desde já, a fazê-lo.

1. Todos os elementos da família devem participar na conversa e na atribuição de responsabilidades sobre a gestão financeira. Ser inclusivo parte do princípio de escutar sem juízos de valor a história individual de cada um, para que possam definir uma história em comum, com escolhas financeiras a dois. Para isso, é importante cada um ter tarefas definidas, como por exemplo: quem faz o orçamento mensal para as compras de supermercado e quem assegura uma lista de compras de acordo com o orçamento. Quem trata dos bens para os filhos, manutenção da casa, empréstimos e seguros, poupanças e investimentos. É essencial definir quem fica responsável pelas diferentes tarefas, uma vez que a partilha de informação e envolvimento também serão passados para os filhos como algo natural e de forma organizada.

2. Os elementos do casal devem ser transparentes entre si. Muitos casais divorciam-se devido a segredos financeiros, como dívidas acumuladas, sem o outro saber, ou situações de comportamentos aditivos, como o jogo. Ser transparente não significa perda da individualidade de cada elemento do casal, contudo é importante ambos terem sempre presente os compromissos e objetivos definidos em conjunto. A confiança é um dos pilares fundamentais de qualquer relação, o que não quer dizer que cada elemento não possa ter a sua individualidade.

3. “Quem paga manda”. Uma família que pretende alcançar o bem-estar financeiro não afirma esta frase. Se todos os elementos da família devem ser ouvidos, as decisões devem também ser tomadas em conjunto, de forma igualitária. Nenhum elemento do casal deve sentir-se inferiorizado por ter um salário menor e, por isso, ter menos voz nas decisões a tomar.

4. Falar sobre dinheiro é falar de sonhos e ambições enquanto casal, mas também enquanto ser individual. Por isso, é crucial que ambos percebam que tal como a vida

muda as prioridades financeiras, é importante existir flexibilidade. Os ajustes que devem ser feitos com a chegada de um filho, o backup financeiro para uma mudança de carreira ou para investir em formação, a substituição inesperada de um carro. O Excel é uma ferramenta incrível para o acompanhamento dos nossos objetivos financeiros, mas a nossa vida não deve ser sua refém.

5. O plano financeiro do casal deve ser sustentável, assim como acontece numa empresa. Ambos têm de estar comprometidos com o que foi definido, mesmo que tal envolva alguns ajustes ou sacrifícios. O mais importante é alcançar o bem-estar financeiro.

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