Desmistificar a IA Generativa nas finanças

Por Torben Anderson, Director of Engineering da Pleo

O ano de 2023 foi um grande ano para a Inteligência Artificial (IA), com as pessoas a conseguirem dedicar-se mais a esta tecnologia. Será justo afirmar que as pessoas ficaram entusiasmadas com o que experimentaram e viram, como o ChatGPT por exemplo, que chegou a receber mais de 180 milhões de utilizadores mensais e 100 milhões de utilizadores semanais ativos. Uma plataforma que ajuda as pessoas a fazerem tudo, desde escreverem discursos de casamento, escolher o melhor plano de seguros, criar planos de exercício e muito mais.

Ainda assim, não sabemos quais são as capacidades totais da IA, e não devemos olhar para esta lacuna com preocupação. Devemos olhar para o potencial da IA Generativa com curiosidade pois, embora haja questões às quais devemos estar atentos, não são nada comparáveis ao valor que poderemos vir a retirar desta tecnologia. Esta ideia é especialmente verdade, quando olhamos para o setor financeiro.

 

IA para as Finanças merece o nosso tempo

De acordo com o CFO’s Playbook para 2024, os decisores das empresas ainda não estão convencidos sobre o papel da IA Generativa no departamento financeiro. Apenas 27% concorda que está confiante sobre a introdução de IA nas operações financeiras, com menos de um terço (29%) a concordar que a IA poderá ter um papel na redução do tempo dedicado a questões administrativas dos CFO’s e das equipas financeiras no geral, que se poderão focar em tarefas mais estratégias e de alto nível.

O que poderá ser confuso é que o setor financeiro conhece bem o valor da IA ​​– no trabalho feito a automatizar pagamentos, depósitos e transferências, a aumentar a segurança e a comunicar com os clientes através de chatbots. Estas atividades demonstram que a IA é capaz de agilizar o desempenho das equipas financeiras, pelo que devemos aproveitar a oportunidade para implementar o seu parente mais avançado! Uma das razões poderá ser a natureza confidencial do sector. Mas os líderes financeiros devem saber que não se trata de entregar detalhes do cliente à máquina. Trata-se de identificar onde a IA pode superar e ajudar os humanos, assim como encontrar o local certo para esta tecnologia no negócio. Compreendendo esta realidade, deixo alguns passos para que possam começar.

 

  1. Não se preocupe em demasia

Trazer a IA para as operações financeiras não deve ser algo de grande preocupação. É útil ser cauteloso, mas não em detrimento da empresa. Uma boa regra é tratar esta tecnologia como se estivessem a contratar um novo colaborador.

Uma das principais preocupações sobre a IA Generativa é a tendência da tecnologia para “alucinar”, por exemplo, quando é feita uma pergunta e devolver uma resposta incorreta com perfeita confiança. Mas este é realmente o ponto crucial do que faz a tecnologia funcionar. Tudo o que a IA Generativa faz é fornecer o que considera ser a resposta mais provável, sem nenhuma maneira de dizer o quão confiante está nessa resposta. Não muito diferente de eu fornecer informações incorretas a um colega, apesar de ter a certeza de que estão corretas. No entanto, há muita investigação nesta área, por isso podemos esperar que isto se torne menos preocupante no futuro, além de já existirem muitas técnicas boas para mitigar o risco. Em última análise, essas características são a razão pela qual podemos ter dificuldade em encontrar uma empresa que não combine IA com informações humanas. Por exemplo, deixar que a tecnologia faça a redação e o seu talento humano a revisão.

 

  1. A implementação pode ser lenta

A IA ​​está a mudar todos os dias – a um ritmo mais rápido do que qualquer outro setor tecnológico – e a ferramenta que preferimos utilizar hoje para resolver questões da nossa empresa, pode ser outra amanhã. Não devemos, por isso, colocar todas as fichas na mesma aposta. Existem algumas empresas que estão a fazer coisas fantásticas com a IA, mas, para muitos, a verdade é que podemos obter a maior parte do valor obtido com a ferramenta generativa baseada em IA, que usa diretamente uma solução como o ChatGPT – se soubermos o que estamos a fazer, claro. A maioria das ferramentas e das automações são simplesmente camadas acima desta tecnologia, pelo que desenvolver essas competências de “estímulo” é a chave que devemos procurar.

Assim, as empresas devem evitar assinaturas caras de vários serviços e, em vez disso, fornecer a todos na empresa acesso a IA como ChatGPT ou o Google Bard, assim que possível. Existem muitos “parques de diversões ou de experiência” de IA para que as equipas possam praticar e atualizar-se, pelo que sugiro que os utilize.

 

  1. Acolha o entusiasmo

A melhor coisa que podemos fazer para ajudar a IA a crescer organicamente na empresa é encontrar as pessoas que são naturalmente atraídas por esta tecnologia. Precisamos do maior número possível de pessoas que queiram trabalhar e experimentar esta novidades, e encontrar aqueles momentos “aha!” que podem mudar a forma como trabalhamos. No entanto, é crucial que as equipas se sintam capacitadas para experimentarem, o que requer um OK final da administração, de preferência, do alto escalão.

Quando se trata daqueles membros da equipa que não querem usar a inovação, não devemos concentrar esforços em convencê-los – pelo menos ainda não. O mais provável é que isso aconteça organicamente através da visualização de casos de uso internos. Por exemplo, a McKinsey afirma que a IA Generativa desencadeará a próxima onda de produtividade para os trabalhadores. Portanto, no escritório, se o vizinho de alguém estiver a apresentar um desempenho melhor e talvez a receber um bónus como resultado, estou certo de que isso poderá ajudar a convencer os pessimistas da IA ​​a embarcarem e reavaliarem a perceção inicial que tiveram.

 

  1. Encontre o seu caminho para a implementação da IA

Qualquer que seja o seu caminho para a implementação da IA, a capacitação deverá ser uma constante. Em última análise, não deve ser vista como uma ferramenta para fazer tudo, mas devemos encontrar casos de uso específicos onde seja adequada e que seja possível comprovar o sucesso para passar aos próximos passos. Um exemplo de um bom lugar para começar é quando alguém precisa de ler muito texto para encontrar e apresentar pequenas partes da mesma informação. A IA é excelente nestas tarefas e pode fazê-las numa fração do tempo.

Na Pleo, estamos a avançar com a IA Generativa com a nossa própria versão interna do ChatGPT. Somos uma empresa que investe em IA, mas quer fazê-lo de forma adequada. As equipas financeiras não são incompatíveis com a IA, mas o assunto levanta claramente preocupações e estamos focados em não descartar ninguém, mas em fazer com que todos nos superemos. Assim vamos continuar na direção certa.

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