Cultura e estratégia: os alicerces do sucesso empresarial

Por Diogo Soares Coelho, VP of Strategy and Operations da Republica

Historicamente, a cultura empresarial foi muitas vezes subestimada em detrimento de outras componentes que constituem uma empresa, como a estratégia ou  a área financeira. Contudo, a sua importância tem-se demonstrado cada vez mais evidente para as organizações, especialmente devido à necessidade de retenção talento e pelos desafios dos novos modelos de trabalho, como o híbrido (ou até 100% remoto) versus o presencial.

A cultura organizacional pode ser definida como o conjunto de valores, comportamentos, mentalidades e/ou crenças que ditam como as pessoas trabalham e experienciam a empresa no seu quotidiano. Para uma empresa prosperar a longo prazo, é essencial que dedique tempo a desenvolver e manter uma cultura robusta e alinhada com a identidade da organização e, na minha opinião, quando os colaboradores estão genuinamente envolvidos com a empresa, apropriam-se mais facilmente da sua estratégia e visão. Isto gera um sentimento de pertença e propósito, levando-os a trabalhar com maior dedicação e entusiasmo. Fundamentalmente, acredito que quando os colaboradores se sentem valorizados e respeitados, investem mais na busca pela excelência e são mais transparentes. Para além de desempenharem as suas funções, também estão mais propensos a contribuir com ideias inovadoras e a colaborar de forma eficaz com os colegas de trabalho.

Neste sentido, os líderes devem focar-se na construção de uma cultura que garanta a implementação de tais comportamentos e valores no dia-a-dia. A verdade é que, os mercados também exigem inovação permanente e, por isso, a cultura empresarial pode ser um parâmetro de diferenciação entre as empresas — especialmente em setores como o digital, onde a inovação e a relação com o cliente são cruciais, proporcionando uma vantagem competitiva única e difícil de ser seguida pela concorrência.

Um excelente exemplo disto é o caso da Microsoft que, sob a liderança de Satya Nadella, redefiniu a sua cultura organizacional. Nadella promoveu uma abordagem mais aberta e inclusiva, incentivando a comunicação transparente, a partilha de ideias entre os colaboradores e uma cultura de aprendizagem contínua, onde o erro é encarado como uma oportunidade de crescimento. Esta mudança de mentalidade trouxe uma maior agilidade e adaptabilidade à empresa, permitindo-lhe enfrentar os desafios do mercado de forma mais eficaz e emergir como líder em várias áreas de negócio.

Portanto, se é possível mudar a cultura de uma empresa? Acredito vivamente que sim, tal como também é possível mudar a estratégia de um negócio. A transformação cultural pode estar associada a um momento específico, como um reposicionamento no mercado,  ou resultado de uma decisão dos líderes para melhor responderem a determinado desafio. Para tal, é necessário começar pelas bases, alinhando-a com a visão estratégica e o propósito do negócio.

Também acredito no envolvimento da equipa na delineação da visão futura da empresa, comunicando claramente as mudanças, primeiro internamente para toda a equipa, e depois para o mercado. A transformação cultural deve ser, ainda, demonstrada no dia a dia com ações concretas, como na partilha de melhores práticas, feedback e orientação. Além disso, é importante redefinir funções e processos para garantir que todos os colaboradores estejam alinhados com a nova identidade da empresa. Ou seja, não interessa apenas mostrar o que se pretende para a cultura, mas sim demonstrar no quotidiano, incluindo todos nesse processo.

Esta transformação, quando bem implementada, pode impulsionar o crescimento e a competitividade das marcas, homenageando o seu legado. Esta abordagem, a meu ver, é fundamental para garantir que a empresa se mantém relevante e inovadora, adaptando-se às necessidades específicas de cada cliente e setor.

Por fim, julgo ser fundamental reconhecer que a cultura organizacional não é apenas um complemento à estratégia empresarial, mas sim a base sobre a qual todas as estratégias devem ser construídas. Uma estratégia brilhante pode ser facilmente minada por uma cultura que não a apoie.

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