Como é que o uso ético da Inteligência Artificial pode atuar na regulamentação da sua utilização?
Por Carlos Vaqueirinho, Diretor Geral da Prosegur Alarms
A utilização ética da Inteligência Artificial (IA) é cada vez mais importante, à medida que esta tecnologia se integra em diversas áreas de atividade. A sua regulamentação tornou-se um desafio global, com impacto direto na segurança, nos direitos humanos e no bem-estar social. Adotar políticas éticas robustas é essencial para garantir que o progresso tecnológico ocorra de forma equilibrada, maximizando os benefícios e minimizando os riscos inerentes a essa evolução.
A IA está a transformar rapidamente setores tão diversos como a segurança privada e a saúde, mas com essa transformação surgem novos desafios éticos e sociais que exigem uma abordagem regulamentada e responsável. Existe, assim, uma necessidade urgente de regulamentar o uso da IA para proteger direitos fundamentais e prevenir abusos potenciais. Uma das maiores preocupações prende-se com o impacto que a IA pode ter sobre as liberdades individuais. Políticas que assentam nos pilares da legalidade, ética e robustez técnica demonstram que é possível estar na linha da frente da inovação tecnológica, sem comprometer valores éticos essenciais.
Para regulamentar a IA, é fundamental estabelecer limites claros, garantindo que os sistemas são desenvolvidos e aplicados de forma transparente, justa e responsável. Esse processo deve ser liderado tanto por entidades governamentais como por empresas, que têm o dever de criar normativas internas proativas, assegurando o cumprimento das leis e a proteção dos indivíduos.
A legalidade deve ser o ponto de partida de qualquer regulamentação eficaz, o que significa que as tecnologias baseadas em IA devem ser desenvolvidas e implementadas em conformidade com o quadro legal vigente, respeitando as normas nacionais e internacionais. Contudo, a legalidade, por si só, não basta. A ética tem um papel igualmente crucial, assegurando que a tecnologia, além de legal, seja justa, transparente e explicável. Este equilíbrio entre o legal e o ético permite que a IA promova o bem-estar individual e coletivo, em vez de fomentar desconfiança ou aumentar desigualdades.
Outro aspeto essencial é a supervisão humana e a gestão responsável de dados. Num contexto onde as decisões automáticas ganham cada vez mais espaço, garantir que as máquinas não operam de forma autónoma, sem supervisão humana, torna-se um princípio ético crucial. Paralelamente, a gestão robusta de dados protege a privacidade das pessoas, um fator vital num mundo digital e conectado.
A inclusão e a diversidade também são peças fundamentais no desenvolvimento de soluções de IA. A responsabilidade social associada à utilização de tecnologias avançadas passa pela garantia de que estas não perpetuam preconceitos ou exclusões. O esforço para promover a diversidade no desenvolvimento e na aplicação da IA é um passo decisivo para criar sistemas mais justos e inclusivos, que beneficiem a sociedade como um todo.
Empresas que adotam políticas responsáveis de IA demonstram um compromisso com a criação de valor a longo prazo, assegurando que o progresso tecnológico beneficia todos os stakeholders, em vez de apenas uma minoria. A integração ética da IA pode, sem dúvida, melhorar a eficiência operacional e oferecer melhores serviços ao cliente, sem comprometer a privacidade ou os direitos fundamentais. A responsabilidade das empresas vai além da simples implementação da IA. Estas devem promover uma cultura de ética digital, envolvendo ativamente os colaboradores e parceiros na adoção de práticas responsáveis. A formação contínua sobre o impacto social e ambiental da IA é fundamental para construir uma abordagem mais consciente e inovadora, permitindo a criação de soluções mais justas e inclusivas.
A regulamentação da IA depende de um equilíbrio entre inovação e responsabilidade. Esta tecnologia tem o potencial de transformar profundamente negócios e a sociedade, mas só trará resultados positivos se for utilizada de maneira ética e regulamentada, preservando os direitos e liberdades fundamentais. Promover a utilização responsável da IA não só protege o presente, como garante um futuro mais justo e seguro para todos.