Afinal o segredo de energia barata é o retrocesso da economia chinesa!

Por Nelson Pires, General Manager da Jaba Recordati

Os preços do petróleo baixaram esta semana perante a possibilidade de novas restrições na China. O retrocesso gerou uma queda da procura chinesa de certos tipos de combustível, como gasolina, gasóleo ou combustível de aviação, que caiu 20% este mês face ao mesmo período do ano passado, segundo a Bloomberg. O motivo é o aumento dos casos covid que levaram já quase todos os 25 milhões de habitantes de Xangai a estarem confinados desde o início de abril e os investidores temerem um cenário semelhante em Pequim, onde o número de casos detetados está a aumentar. Esta redução das expectativas levou o preço do barril de petróleo a descer cerca de -4,5% pois a China é o maior importador de crude a nível mundial e a segunda maior economia do planeta. Esta redução de procura tem um efeito directo no preço das matérias primas, primado da visão utilitarista do valor deste bem não durável, que tem sido sujeito a especulações extraordinárias. O risco é o fornecimento de outras matérias primas entrar em rutura, devido aos lockdowns e à dependência do mercado chinês para o seu fornecimento. Talvez assim possamos compreender que o ocidente, nomeadamente a Europa não pode estar dependente de mercados e países onde os regimes utilizam a economia como factor político estratégico, em que a saúde pública ou a eco-responsabilidade sustentável não é uma preocupação, caso da Rússia e da China. A economia europeia tem de ser “blocal” e não “global”. Ou seja gerida em bloco, Europa e Norte de África por exemplo, melhorando o “near-shoring” em lugar do “off-shoring” que a globalização trouxe e demonstrou não funcionar com as disrupções das cadeias de supply chain e da geopolítica destes últimos dois anos!