A tecnologia enquanto motor da sustentabilidade energética

Por João Januário, Diretor do Mercado de Energia da Minsait em Portugal, uma empresa da Indra

No dia em que se assinala o Dia Mundial da Sustentabilidade Energética, é imperativo refletir sobre o papel que as empresas podem, mas sobretudo devem, desempenhar na implementação de medidas e práticas sustentáveis na vertente energética, não só junto dos seus colaboradores, mas especialmente nas suas estratégias de crescimento e de negócio. Num mundo cada vez mais tecnológico, em que a Inteligência Artificial (IA) é uma força transformadora, as empresas deste setor têm uma responsabilidade acrescida para criar uma nova filosofia centrada na sustentabilidade energética.

O termo é fácil de explicar e a sustentabilidade energética não é mais do que tornar a energia que usamos diariamente o mais amiga possível do ambiente. São várias as formas para atingir este objetivo, seja através da utilização de fontes de energia verde ou algo mais simples como substituir uma lâmpada. Mas é possível ir mais longe neste caminho e é neste contexto que a tecnologia se apresenta como uma aliada crucial na procura por soluções abrangentes e eficientes – através inúmeras tecnologias como a Internet das Coisas (IoT) ou até o blockchain – e que pode contribuir para a promoção da sustentabilidade e da responsabilidade social corporativa.

No caso da IoT, esta tecnologia tem um enorme potencial para promover sustentabilidade, uma vez que permite que os dispositivos agreguem e partilhem informações em tempo real, facilitando a tomada de decisões informadas e a otimização de processos. Estando ligados à IoT, os dispositivos podem monitorizar o consumo de energia em tempo real, ajustar o uso de energia com base na procura e, dessa forma, permitir às empresas que reduzam o consumo de energia, reduzindo assim a emissão de gases com efeito de estufa e o impacto ambiental associado.

Este é apenas um exemplo de como a evolução tecnológica fornece as ferramentas necessárias para liderar o caminho em direção à sustentabilidade energética e construir as bases de um futuro ainda mais sustentável. As empresas podem ainda recorrer a outras práticas responsáveis, investindo em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia inovadora e de operações, apoiando e incentivando iniciativas e práticas sustentáveis junto dos seus colaboradores, ou até fazendo uma escolha criteriosa de fornecedores mais sustentáveis.

É certo que o uso sustentável de recursos, bem como o menor consumo de energia, são alguns dos principais veículos eficazes na proteção ambiental, mas é indiscutível que a investigação e o desenho de soluções tecnológicas estão a crescer e a contribuir igualmente para a sustentabilidade energética. Hoje, é possível recorrer à tecnologia para a geração e armazenamento de energia – como sejam as baterias ou as células de combustível – para o desenvolvimento e criação de veículos elétricos e híbridos – que se espera que se tornem cada vez mais massificados – ou até inclusive a possibilidade de transferência de energia sem fios – recorrendo a campos magnéticos. Quanto à emissão de gases com efeito de estufa associada à produção, prestação de serviços e funcionamento das empresas, a Inteligência Artificial tem vindo a fornecer ferramentas para a recolha e análise de dados que ajudam as empresas a aferir e acompanhar o impacto ambiental da sua atividade, sendo disso exemplo os setores da restauração e do retalho.

A escolha de tecnologias mais sustentáveis direcionada para a sustentabilidade energética tem de ser uma preocupação das empresas e, mais uma vez, será a própria inovação tecnológica a identificar as soluções para a redução deste impacto. A necessidade de ‘abraçar’ as novas tecnologias e, paralelamente, investir na sustentabilidade no exercício da atividade empresarial são incontornáveis e irão, pelo menos em parte, andar de braço dado. Por isso, o compromisso com a sustentabilidade energética não se deve limitar a apenas a efemérides como a que hoje comemoramos, deve ser um compromisso transformador e futuro das empresas assente numa aposta cada vez mais tecnológica.

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