A revolução da Inteligência Artificial Generativa e a (des)vantagem competitiva para a Europa

Por Tiago Sousa, partner da ERA – Expense Reduction Analysts

Ainda que a Inteligência Artificial remonte aos anos 50, é nos últimos tempos que temos testemunhado a sua verdadeira democratização e adoção, através de um crescimento exponencial de novas ferramentas e plataformas que tornam a sua integração no quotidiano mais acessível. Os benefícios e o potencial desta adoção nas empresas são inegáveis e ilimitados. Contudo, a sua implementação tem variado ao redor do globo, criando assimetrias e consequências económicas a médio e longo prazo.

A Inteligência Artificial (IA) é um dos elementos-chave para o sucesso empresarial ao permitir uma maior automatização de tarefas, possibilitar a redefinição de operações diárias, estratégias empresariais e modelos de negócio, mas também ao criar produtos e/ou serviços capazes de antecipar e responder ms necessidades e tendências do mercado. Num cenário onde os dados são um recurso valioso, mas frequentemente subutilizado pela sua complexidade de interpretação e grande volume, a Inteligência Artificial Generativa (GenAI), que cria novos conteúdos e respostas com base em padrões através do processamento de dados em tempo real, agiliza processos de tomada de decisão e responde a um dos maiores desafios das empresas: o de transformar dados em inteligência prática. Além disso, permite que as organizações superem barreiras históricas de inovação e desbloqueiem o potencial de outras tecnologias ao poder ser integrada com aplicações de Realidade Aumentada (Realidade Virtual) e IoT (Internet of Things).

Em 2023, 73% do mercado empresarial nos EUA já tinha implementado práticas de Inteligência Artificial nas suas operações, sendo que a GenAI estava presente em metade dessas organizações. No contexto europeu, a adoção é mais diminuta , com apenas 42% das grandes empresas a implementar IA em parte das suas operações, e 20% a apostar na GenAI. Mesmo assim, esse investimento e implementação varia significativamente entre os estados-membros da UE, com países como a Dinamarca, a Irlanda, a Finlândia e a Malta a liderar esta transição digital, registando uma adoção de GenAI mais elevada (entre os 11% e os 23%). Noutros países da União Europeia, as taxas de adoção são frequentemente inferiores a 10%, como no caso português. Neste contexto, as empresas europeias e portuguesas enfrentam uma (des)vantagem competitiva por não basearem as suas estratégias nestas ferramentas, o que acabará por conduzir m perda de capacidade de crescimento.

A Inteligência Artificial deve ser entendida como uma ferramenta-chave no cerne das operações empresariais e não só como um processo complementar na criação de valor económico. Contudo, a sua adoção massiva traz desafios significativos, tais como o de garantir que é feita de forma responsável, segura e de acordo com a regulamentação existente – uma tarefa mais existente para a Europa do que para os Estados Unidos, considerando a aprovação das primeiras regras mundiais no início deste ano. Neste sentido, as empresas devem estabelecer práticas robustas de gestão e supervisão para manter a integridade e a confiança no uso da GenAI.

O investimento na transição digital tem os seus desafios, mas um negócio próspero e inovador é aquele que é capaz de não apenas integrar práticas de IA nas suas operações, como também de investir numa cultura que valorize a inovação e responsabilidade ética, a formação e o compromisso contínuo de acompanhar a transformação. Para sobreviver nesta era, precisamos de olhar para o potencial em crescimento da GenAI e aprender a integrá-lo no nosso quotidiano.

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