A reabilitação como forma de investimento: uma oportunidade de negócio?

Por João Carvalho, partner e co-fundador da MELOM

A falta de oferta, que é apontada por muitos como o principal problema a ser resolvido no setor imobiliário, poderá ter na reabilitação urbana uma solução para responder ao mercado. Mas são vários os desafios e as oportunidades que o setor da construção enfrenta, com foco nos custos de construção, na descarbonização dos edifícios, na eficiência energética e na mobilidade elétrica.

Sobretudo no mercado residencial, com a procura crescente por edifícios históricos para reabilitação, têm vindo a surgir cada vez mais investidores interessados no mercado imobiliário residencial nacional. Do build to rent ao house flipping, podemos observar que novos conceitos estão a crescer em Portugal, impulsionados pela dinâmica do setor imobiliário e pela acentuada diferença de preços entre imóveis novos e usados.

A reabilitação possibilita a criação de um imóvel renovado, que não requer um custo de investimento tão elevado em comparação com o valor de um imóvel novo. O segredo está em investir num imóvel usado com potencial e estar ciente dos custos de renovação, pois é nessa fase que surpresas e imprevistos podem comprometer a margem de lucro e comprometer o investimento.

Na realidade portuguesa, a maioria dos investidores são nacionais, comprando imóveis particulares com o objetivo de requalificar, valorizar e revender. Obviamente que nos últimos anos, e por consequência dos incentivos fiscais que estiveram em vigor até 2023 temos uma série de investidores e compradores estrangeiros, que viram no mercado nacional uma oportunidade de negócio e, até para muitos um projeto de vida, alternativo aos seus países de origem.

Atualmente, investir em imóveis usados para reabilitar é um negócio com baixo risco, dado o aumento do valor dos imóveis acima da inflação. No entanto, a boa rentabilidade depende de seguir algumas regras e estabelecer um limite orçamental para a aquisição e obras de melhoria. É crucial evitar imprevistos ou personalizações excessivas, pois isso pode comprometer a rentabilidade. Além da tipologia do imóvel, a localização e a proximidade a serviços, transportes, escolas, serviços de saúde, também devem ser equacionadas na compra.

O tempo de execução da requalificação também é importante, idealmente não deve ultrapassar três meses, mas sem comprometer as verificações e reparações técnicas necessárias nas instalações. Este novo mercado tem atraído investidores com um perfil mais conservador, pois uma boa compra oferece garantia de retorno do capital investido.

A reabilitação urbana continua a ser essencial para a regeneração das nossas cidades e é muito importante pensarmos como poderemos reabilitar com qualidade. Recomendamos que os serviços de compra e venda do imóvel sejam intermediados por profissionais do setor imobiliário, e que a obra seja orçamentada antes da compra por especialistas em remodelação de imóveis. Por fim, é importante destacar que a remodelação deve ser feita com materiais de qualidade e seguindo as tendências de conforto e design contemporâneos, para maximizar a valorização do imóvel e a margem de lucro.

Acreditamos que a reabilitação urbana continuará em voga no ano de 2024 e será, com certeza, a resposta mais imediata para a falta de soluções na habitação, com a requalificação e reconversão de imóveis para uso residencial.

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