A propósito dos rankings

Por Nelson Pires, General Manager da Jaba Recordati

Ranking significa uma “classificação ordenada de acordo com critérios determinados”. Sou um defensor de rankings e ordenação sistematizada de resultados, não apenas pela simplificação que permite ao agregar dados e transformar em informação os mesmo, mas acima de tudo porque permite controlar por excepção (e não por inspeção; ou seja apenas ver o que se passa com os que estão menos bem e com os que estão bem para aprender com os bons exemplo) e actuar. E tudo isto a propósito dos rankings escolares publicados esta semana e tão criticados por muitos.

Confesso que existem profissionais que “não gostam muito” de ser avaliados mas isso não pode ser um motivo para criticar o modelo de avaliação (critique-se então o facto de existir uma avaliação). Os rankings escolares do ensino secundário, não servem para tornar reconhecido que a escola pública não funciona e é de baixa qualidade (pois fica sempre longe dos primeiros lugares), ou sequer tornar-se uma alegoria de elitismo.

Estes ranking ordenam de forma objetiva quais as escolas secundárias que melhores resultados tiveram nos exames realizados pelos alunos, com dados fornecidos pleo Ministério da educação. Ou seja os dados são fiáveis, o critério está determinado e o resultado está ordenado. Depois de sabermos quem é melhor ou quem é pior, se existiu uma variação positiva ou negativa vs o ano anterior, interessa posteriormente controlar (por exceção) quais as reais causas daquela posição no ranking. Se posição positiva, quais as boas práticas que podem e devem ser “copiadas” (benchmark) para as outras; se negativas, quais as que devem ser evitadas ou pelo menos minimizadas. Bem sabendo que as condições da maior fatia da escola pública (da qual sou um defensor convicto, inclusive tendo sempre estudado no ensino secundário em escolas públicas), são pouco comparáveis na generalidade, com as do ensino privado. Melhores infraestruturas, mais rápidas decisões, gestão de recursos humanos mais eficiente, investimento, condições sociais dos alunos, apoio dos pais, integração do modelo de ensino…

Mas estas assimetrias não podem servir de desculpa para criticar o ranking, até porque mesmo dentro da escola pública, existem uns melhores e outros muito piores. Existem escolas públicas no 41º lugar e outras no 629º; ou mesmo um colégio privado no 628º.  Aliás, basta entrar no ranking e avaliar instituição a instituição e podemos ver outros factores, como “o contexto do agrupamento”, “escolaridade dos pais”, etc etc etc. Pelo contrário, os funcionários das escolas públicas deveriam ser os maiores  defensores deste ranking, se entenderem que o problema da escola onde estão ( e se esta ocupar uma má posição no ranking) não tem a ver com a qualidade dos recursos humanos, mas sim com todos os outros fatores que intervêm neste processo e referi acima. Legitima-os a exigir melhores condições para a sua escola com dados e factos, não apenas com opiniões.

Em suma, entendo que os rankings devem existir, devem ser públicos, devem ser explicados e devem ser gerar um plano de acção de melhoria ou correção por parte dos agrupamentos de escolas. Isso sim, deveria ser a luta dos profissionais que todos os dias se esforçam por dar ferramentas de conhecimento aos nossos filhos, desenvolver hard e soft Skills bem como estimular a sua curiosidade intelectual. Até porque estes (os alunos), vão ser avaliados para o resto das suas vidas neste mundo VUCA em que vivem!!!

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