A ideologia e o Populismo são sobreponíveis?

Por Nelson Pires, General Manager da Jaba Recordati

Acho que sim em alguns sectores, por exemplo em Portugal ser de esquerda (falo da populista e “caviar”, não de quem é seriamente e ideologicamente de esquerda) é ser contra “o sistema”; a favor dos pobres; respeitar as diferenças; desejar a igualdade social; defender um papel interventivo do estado para reequilibrar o elevador social empobrecendo os ricos; garantir que os que não têm voz passem a ter… e a comunicação social e a nossa suposta “elite intelectual” promove estes pressupostas de base. É politicamente correcto! Mas não é isso ser populista? Dizer o que as pessoas querem ouvir, nomeadamente as grandes massas? 

Ser de direita (e eu sou de centro direita) é pactuar com o diabo, segundo esta corrente. E o mais interessante é que este discurso foi tantas vezes repetido que se tornou verdade para as pessoas. E não é! 

Acresce agora, que por causa de um indivíduo que apenas quer ter projeção, aproveitam os radicalismos de direita para justificar a teoria mas esquecem-se dos radicalismos de esquerda que já existem há muito tempo (defendem o regime chinês por exemplo). Mesmo os radicalismos “caviar” de esquerda que criticam o capitalismo e vivem como verdadeiros capitalistas!

Utilizemos o exemplo da homossexualidade que veio à liça com as declarações de Paulo Rangel. Eu entendo que a vida íntima de cada um apenas a si diz respeito, é privado. A esquerda populista (e a mais “caviar”) criou um normativo não escrito, em que os homossexuais têm que o afirmar publicamente para normalizar algo que já é normal. Assim atacam indiretamente a Igreja Católica e os sectores mais conservadores, ou reacionários. Por isso só vimos as reações de indivíduos de direita a opinar que não era necessário afirmá-lo publicamente, que seria indiferente pois é normal. Aliás a homossexualidade e a homofobia é transversal a todas as ideologias ou partidos.

Entre esquerda populista ou centro direita, os objectivos são os mesmos, as formas de os atingir é que são diferentes. Uns querem acabar com os ricos (os de esquerda) e outros acabar com os pobres (os de direita). 

A geração de riqueza e logo de emprego, recursos fiscais para o estado, produtividade, investimento directo estrangeiro, exportações, consumo, investimento e alguma redistribuição de riqueza, tem de ser maioritariamente através das empresas (e não do estado como gerador de riqueza); é o modelo mais eficiente para podermos evitar falências e desemprego, bem com a convergência económica com a Europa. Depender do estado para tudo é um mau modelo, até porque o estado somos nós todos. E o “rei vai nu”, pois o nosso sistema fiscal penaliza quem gera riqueza: pessoas e empresas. Um empregado que tem um salário de 2.700€ por mês (considerado rico em Portugal), recebe apenas 1.800€ líquidos, mas a empresa paga o salário acrescido de impostos no valor de 4.150€. E ainda vai pagar IRC no final do ano. Ou seja o estado fica com a fatia de leão. Até junho de cada ano, estamos a trabalhar para pagar impostos. 

E não falo aqui das taxas e taxinhas que o estado inventa para empobrecer o contribuinte. Bem como o imposto sobre combustíveis que nos fazem ter dos combustíveis mais caros da Europa, entre outros. E porquê? Porque o estado gasta demais e cobra de menos; das mais de 5 milhões de famílias portuguesas que declararam rendimentos anuais, quase metade,  mais de 46%, não pagam IRS: 2,4 milhões de agregados do universo total que declarou IRS. E a esquerda ideológica que refiro em cima (não quem é de esquerda seriamente, e não populista de esquerda) defende este modelo, pois gosta da subsidarização das pessoas, do crescimento do peso do estado, do centralismo público, do sindicalismo inócuo, do aumento do funcionalismo público. Mas esquece-se que alguém tem de pagar estas opções, nomeadamente os deficits e dívida pública nos mercados (aliás até acham que não deve ser paga, sem pensar nas consequências que isso acarreta). 

O que preocupa quem é consciente, é ver empresas a encerrar e despedimentos colectivos (saint gobain, dielmar, etc); custos de 40 biliões por causa da pandemia, segundo o ministro das finanças; utilização do PRR maioritariamente para investimento público e formação para “calar” os sindicatos (mais de 70% no total, segundo parece); descarbonização da economia através de opções de investimentos ingénuos em energias como o hidrogénio (caras demais neste momento); dependência total de compra de dívida por parte do banco central europeu; burocratização dos processos que demoram mais de 18 meses apenas para que as empresas se candidatem aos projectos; risco de não solucionar os problemas estruturais de baixa produtividade Portuguesa. A culpa é apenas dos políticos? Não, pois até acho que a equipa do Ministério da economia actual, tem elevado valor. Mas certamente é dos “politicamente correctos” que se sentam no parlamento e nas instituições públicas sem nunca terem tido a preocupação se vão ter salário no final do mês, pois sendo público, está garantido!

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