2021 – Odisseia… na Tecnologia!

Por Carlos Barros Carvalho, Business manager na Axians Portugal

Resiliência, a palavra da moda.

Nos últimos 40 anos, a evolução da Humanidade andou de braço dado com a evolução Tecnológica permitindo avanços em todas as áreas da Sociedade. Este caminho percorrido trouxe-nos até um mundo bem diferente, não tanto nos objetivos transversais enquanto Civilização, mas na velocidade a que os mesmos se processam. O Tempo custa dinheiro e a reação a um evento adverso no bom funcionamento de qualquer sistema organizacional ou tecnológico tornou-se cada vez mais crítica, com impactos financeiros e de imagem para a Marca em questão.

A aversão ao Risco.

As Organizações desenham as suas soluções tecnológicas de acordo com as suas necessidades, presentes e futuras, e estabelecem estratégias de mitigação de risco num ambiente altamente volátil e propenso ao erro. As soluções deverão possuir ferramentas que lhes permitam reduzir ao máximo o downtime não planeado dando desta forma estabilidade ao seu negócio.

Desenhamos soluções que vão ao encontro das necessidades do negócio, criamos mecanismos de redundância que reduzem substancialmente o risco de falha, adquirimos contratos de Suporte com SLAs muito agressivos para mitigar algum erro que se manifeste, ou seja, preparamos a nossa infraestrutura de TI para responder da melhor forma às exigências atuais do mercado, interno ou externo à organização.

Esta abordagem é bastante útil e endereça grande parte dos problemas operacionais que podem ocorrer no dia a dia de qualquer Organização. Mas será suficiente?

Como ir mais além?

Até agora referenciamos formas de reduzir o impacto de downtime não planeado baseado em metodologias reativas e preventivas, mas, perante a exigência atual e a necessidade e estar Always ON, este tipo de abordagens podem ficar aquém do pretendido.

Se pretendermos olhar para o futuro das nossas infraestruturas de TI, temos forçosamente de pensar em soluções que permitam prever o erro mesmo antes de ele acontecer e passar de uma estratégia de remediação para uma estratégia preditiva e adaptativa em relação aos desafios que enfrentamos.

A abordagem a seguir é de criar sistemas que sejam resilientes, que permitam respostas adaptativas, a alterações que tenham impacto nos nossos sistemas.

Mais resiliência e capacidade preditiva? Como?

O que nos distingue de todos os outros seres vivos do planeta é a Inteligência, a nossa capacidade de processar grandes quantidades de informação e apresentar resultados e conclusões sobre as mesmas. Esta capacidade de compreender, aplicar o nosso conhecimento e melhorar as nossas competências, teve um papel muito relevante no nosso desenvolvimento civilizacional.

E porque não aplicar a mesma linha de pensamento ao mundo dos sistemas de TI?

Chegamos desta forma a conceitos como Inteligência Artificial e Machine Learning (ML).

Ao aplicar o conceito de ML ao mundo das infraestruturas de TI, estamos a dar um passo em frente em termos de resiliência das soluções que suportam o nosso negócio. Ensinar um sistema a analisar e compreender o que o rodeia permite-nos criar soluções que vão prever o erro mesmo antes de ele acontecer, permitindo desta forma que o sistema se adapte e reajuste para que o impacto na infraestrutura tenda para zero.

Alguns dados estatísticos:

  • De acordo com um inquérito realizado em 2019 pela Statista, 25% das respostas reportaram que uma hora de downtime teria um custo entre 301.000 e 400.000 dólares. É evidente, que este valor vai depender da dimensão de Organização e da criticidade do downtime no negócio da empresa em questão.
  • Além disso, temos de considerar o dano reputacional na imagem da Organização que pode ter repercussões nefastas. Em 2017, a British Airways teve um problema generalizado com os seus sistemas cujo impacto financeiro foi aproximadamente de 80 milhões de libras, depois de afetar cerca de 75.000 passageiros durante um fim de semana caótico. Mesmo uns dias depois deste incidente, o dono da British Airways, a International Airlines Group (IAG), perdeu 170 milhões de libras, sendo que o seu valor em bolsa desceu mais de 4% num único dia.

O futuro é “mesmo” agora!

Um ponto marcante na minha infância foi quando tive contacto com o filme “2001 – Odisseia no Espaço”, de 1968, realizado e produzido por Stanley Kubrick. Teria os meus 12/13 anos quando vi este filme e fiquei fascinado com a abordagem que o filme teve sobre o Existencialismo e a Evolução. No entanto, o que captou mais a minha atenção foi a entidade referenciada no filme como HAL 9000 (Heuristically programmed Algorithmic computer) um computador com a capacidade de possuir Inteligência Artificial e funcionalidades de Machine Learning.

A realidade que parecia tão distante em meados dos anos 80 chegou agora a um ponto de maturação, em que os avanços tecnológicos e capacidade de computação nos faz acreditar que o Futuro é Agora, que não existem fronteiras ou mesmo limites para a nossa imaginação, de tal forma que conseguimos criar sistemas que sejam inteligentes o suficiente para reduzir ao máximo o risco de downtime não planeado assim como sonhar com sistemas que sejam autorregeneradores, como se de um sistema humano imunitário se tratasse.

Existe ainda muito para fazer, mas faz parte do ímpeto humano nunca estar satisfeito e o final de um ciclo tecnológico é o início de um novo, como se fosse um Lifecycle interminável de melhoria contínua!

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