Zonas de emissões reduzidas aumentam 40% na Europa. Em 320 cidades os carros mais antigos não podem circular

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 4,2 milhões de pessoas morrem todos os anos devido à poluição do ar a nível mundial, sendo que nove em cada 10 respiram ar com concentrações de poluentes que excedem os limites recomendados. Com esse pano de fundo, a Europa está a reforçar o combate pela qualidade do ar, especialmente nos centros urbanos.

De acordo com um relatório da campanha “Cidades Limpas”, que congrega várias organizações não-governamentais do continente, revela que entre 2019 e 2022 o número de zona de emissões reduzidas na União Europeia, Reino Unido e Noruega aumentou 40%, para um total de 320. Nessas cidades, os carros mais antigos ou com maiores níveis de emissões de gases poluentes não podem entrar.

Com base em compromissos assumidos pelos governos desse grupo de países, é possível prever que até 2025 as zonas de emissões reduzidas serão 507, o que representará um crescimento de 58% face aos dados de junho de 2022.

Além das zonas de emissões reduzidas, estão também a disseminar-se pelo continente europeu as zonas livres de emissões, que impedem a circulação de quaisquer veículos a combustão. No Reino Unido, em Oxford e no centro de Londres, já existem zonas livres de emissões, mas até 2030 espera-se a implementação de mais 35.

Contudo, o relatório salienta que das 100 cidades que integram a “Missão da UE para Cidades Inteligentes e Climaticamente Neutras”, que se comprometeram a ser livres de emissões até 2030, apenas 45 têm zonas de emissões reduzidas e somente 10 têm planos para criar zonas de emissões zero.

De recordar que Lisboa, Porto e Guimarães estão nesse grupo de 100 cidades. Contudo, apenas a capital tem instaladas zonas de emissões reduzida, na região centro, sendo que as outras duas cidades não têm ainda qualquer plano implementar esses mecanismos, revela a análise.

Em 2016, a OMS classificou a poluição do ar como uma “emergência de saúde pública”, que seria responsável pela morte prematura de mais de 300 mil pessoas na União Europeia.

Contudo, a coligação de organizações não-governamentais argumenta que as zonas de emissões reduzidas não serão suficientes para que a União Europeia consiga alcançar a sua “ambição de poluição zero”. Só com zonas de emissões zero permitirá atingir esse objetivo, com uma revolução ao nível dos transportes, que deverão abandonar os combustíveis fósseis e passar a ser movidos por energias limpas, como o elétrico ou, por exemplo, os biocombustíveis.

No passado mês de dezembro, a associação ambientalista Zero, que integra a campanha “Cidades Limpas”, denunciava que a Avenida da Liberdade, em pleno coração da capital e uma artéria com intenso tráfego rodoviário, registava “níveis perigosos de poluição do ar”. A organização salientava que “em Portugal, só Lisboa tem uma zona de emissões reduzidas (ZER) com efeitos praticamente nulos, dada a sua profunda desatualização em termos de exigências”.

No âmbito dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência, a Zero argumentava que “a promoção de uma mobilidade sustentável e de zonas de emissões reduzidas é, neste contexto, completamente esquecida”, e instava as autarquias a implementar progressivamente zonas de emissões reduzidas ou livres de emissões, “começando nos centros históricos e alargando-as às zonas mais periféricas”.

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