Zelensky quer recrutar mais meio milhão de ucranianos para a linha da frente: projeto vai hoje a votos no Parlamento

Há cerca de 330 mil soldados que lutam na linha da frente na Ucrânia, a maioria deles mobilizados desde o início da guerra: as tropas de Kiev tiveram pouca rotação desde que foram mobilizados a 22 de fevereiro de 2022, sendo que o regresso a casa não está no horizonte para os homens de Volodymyr Zelensky.

Depois de tentativas frustradas de renovar as suas forças esgotadas, a Ucrânia percebeu que, por um lado, há muito poucos homens em idade de lutar que permanecem não mobilizados. Por outro lado, o serviço indefinido faz com que os demais não queiram ir para a linha da frente como voluntários.

Por esta razão, o presidente ucraniano propôs ao Verkhovna Rada – Parlamento – um projeto de lei que permita a mobilização de mais cidadãos e assim reforcar as tropas ucranianas com 500 mil novos soldados antes do final de 2024 – permitiria substituir os atuais 330 mil e reforçar a defesa ucraniana com 170 mil soldados adicionais. Também substituirão os soldados mortos em combate desde o início da guerra, que são estimados em 31 mil vítimas, embora várias fontes do Pentágono dos EUA tenham afirmado que o número real é pelo menos o dobro disso.

A iniciativa será submetida a votação parlamentar este domingo. Mas, numa sociedade desgastada onde a maioria dos homens em idade de lutar já foram convocados, onde Zelensky vai conseguir o meio milhão de homens previstos no seu plano?

Uma das propostas mais controversas é reduzir a idade de recrutamento para 25 anos. Até agora, apenas homens com mais de 27 anos eram enviados para a linha da frente. Além de pouco promissor, o projeto de lei do governo de Zelensky é impopular – o primeiro projeto já recebeu 4 mil alterações na Rada, e várias vozes da opinião pública denunciaram que trazer jovens de 25 e 26 anos para a frente seria um “suicídio” para outra geração de ucranianos. Além disso, muitos alertaram que apelar a um novo setor da população pode provocar a emigração de uma nova vaga de jovens que contribuem com os seus impostos e, a longo prazo, agravar a crise arrecadatória que o Estado atravessa.

O projeto de lei traça um plano de serviço claro para que os próximos soldados vão para a linha da frente sabendo quando poderão voltar para casa: os recrutas passarão três meses de treino militar e não mais do que três anos no frente – três anos é mais do que o tempo de guerra, sim, mas é um prazo com o qual Zelensky quer assegurar aos seus militares que o seu tempo em combate não será prolongado ad aeternum.

Além disso, algumas brigadas começaram a anunciar que os voluntários podem escolher posições adaptadas às suas capacidades. É claro que, em troca das garantias que oferece, o Governo da Ucrânia pretende tornar o serviço militar obrigatório para os não voluntários: o projeto de lei exige que os soldados se registem através de um portal online, e entre os poucos isentos estão pessoas com problemas de saúde ou de mobilidade e trabalhadores críticos para o sistema.

Já existem entre 550 mil e 700 mil homens que não estão a lutar porque estão neste último grupo, mas a diferença a partir de agora é que começarão a contribuir financeiramente para a guerra.

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