Xilazina é nova ameaça mortal nos Estados Unidos: tranquilizante animal é usado para complementar a droga sintética fentanil

A xilazina, tranquilizante animal usado em drogas como o fentanil pelos cartéis, representa uma nova ameaça mortal à saúde pública dos Estados Unidos. A crise de overdoses que assola o país é causada pelo fentanil, um opioide sintético 50 vezes mais potente do que a heroína, que já foi associado a mais de dois terços das 109.6880 mortes por overdose nos Estados Unidos em 2022 – uma morte a cada 5 minutos.

A tentativa das autoridades americanas de reprimir o tráfico transfronteiriço de fentanil já provocou uma rutura com o México, onde estão baseados alguns dos cartéis mais poderosos, que têm complementado drogas como o fentanil com este estimulante de baixo custo. Nos últimos 18 meses, as autoridades observaram um aumento no número de overdoses por xilazina, que são mais difíceis de tratar do que aquelas que contêm apenas fentanil, já que o medicamento nunca foi aprovado para uso humano e não foi desenvolvido qualquer antídoto.

Segundo os especialistas em saúde, a xilazina, frequentemente utilizada por veterinários para sedar cavalos e gado, pode causar lesões que, se não forem tratadas, podem levar à amputação. Muitos dos utilizadores garantem não saber que estão a usar a droga, que terá sido misturada com a heroína pela primeira vez no Porto Rico há quase duas décadas. “Faz as pessoas apodrecerem de dentro para fora”, indicou Jamill Taylor, inspetor da unidade de narcóticos da polícia da Filadélfia, ao jornal ‘Financial Times’.

Segundo as autoridades de saúde, o número de overdoses fatais de xilazina em Filadélfia aumentou de 15 em 2015 para 434 em 2021, um terço de todas as overdoses fatais: 90% do fornecimento ilícito de opioides da cidade é agora adulterado com o tranquilizante para animais.

Um quilo de xilazina em pó pode ser comprado online por entre 6 e 20 dólares, segundo a Agência Antidrogas (DEA) dos Estados Unidos – o efeito do tranquilizante dura mais do que o do fentanil e pode ter consequências fatais devido ao efeito sonolento que provocava nos utilizadores. “Diminui a frequência cardíaca, retarda o sistema respiratório e interfere no sistema nervoso. Se se deitar de bruços, pode morrer sufocado”, acrescentou Taylor.

Há um mês, o Governo Biden classificou o fentanil adulterado com xilazina como uma “ameaça emergente” para os Estados Unidos, sendo esta a primeira vez que Washington dá tanta importância a um produto químico.

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