Xi ‘veste a pele’ de Estaline e conduz purga implacável no sistema político da China

A ‘corte imperial’ de Xi Jinping está podre: com as atenções do mundo ocidental concentradas no Médio Oriente e na Ucrânia, o sistema político ultrassecreto da China está a ser alvo de uma purga estaliniana, com profundas implicações para a economia global e mesmo as aspirações de paz na região. Os sinais que chegam de Pequim são inequívocos, relatou o jornal ‘POLITICO’, mesmo perante os esforços dos serviços de segurança chineses de ‘blindar’ o que realmente está a acontecer no país.

O inexplicável desaparecimento dos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da China – ambos leais a Xi, escolhidos a dedo e promovidos poucos meses antes de desaparecerem no início deste ano – é apenas um de vários exemplos. Há mais vítimas: os generais responsáveis pelo programa de armas nucleares da China e alguns dos mais altos funcionários do setor financeiro chinês – muitos destes antigos ‘acólitos’ de Xi terão morrido sob custódia das autoridades.

Um sinal sinistro foi a morte prematura de Li Keqiang, o recém-reformado primeiro-ministro da China e número 2 da hierarquia comunista, que terá morrido de ataque cardíaco numa piscina em Xangai em outubro último. Após a sua morte, Xi Jinping ordenou que o luto público pelo seu antigo rival fosse fortemente restringido.

Para muitos, “ataque cardíaco numa piscina” é o equivalente russo do “cair de uma janela”, uma forma de morte comum a quem se atreve a irritar ou ofender Vladimir Putin.

As purgas de Xi Jinping, desde 2012, já removeram milhões de funcionários – desde ‘tigres’ de topo no Partido Comunista até simples trabalhadores burocráticos. A diferença é que atualmente os responsáveis neutralizados não são membros de fações políticas hostis, mas simpatizantes do círculo interno de Xi, o que levanta sérias questões sobre a estabilidade do regime chinês. Devido aos problemas domésticos, aumenta o receio de que o presidente chinês possa provocar um conflito armado com um vizinho ou lançar uma invasão em grande escala de Taiwan para desviar atenções.

Não muito depois de ter ascendido à presidência do Partido Comunista, Xi Jinping começou a expurgar os seus inimigos reais e supostos numa campanha “anticorrupção” que nunca terminou realmente. Centenas de oficiais superiores do Exército de Libertação Popular (ELP), bem como milhares de altos funcionários do partido, foram presos, desapareceram ou ‘suicidaram-se’. Os beneficiários desta purga foram burocratas provinciais que trabalharam com Xi no início da sua carreira e cuja principal qualificação é a lealdade inquestionável ao “líder do povo”.

Estes antigos funcionários de cidades pequenas constituem agora a maioria do Comité Permanente do Politburo, que detém o poder máximo na China.

Uma dessas figuras leais foi Qin Gang, antigo porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, cuja carreira ganhou embalo estratosférico depois de se ter tornado diretor de protocolo da China, supervisionando a maior parte das interações do presidente Xi com dignitários estrangeiros entre 2014 e 2018.

Foi também vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, embaixador em Washington em julho de 2021 e ministro dos Negócios Estrangeiros apenas 18 meses depois – uma ascensão excecionalmente rápida – seis meses depois de se ter tornado ministro, desapareceu.

Quase ao mesmo tempo que Qin, o principal comandante da força de foguetes, Li Yuchao, juntamente com seu ‘vice’ Liu Guangbin e o ex-deputado Zhang Zhenzhong, também desapareceram. Li Shangfu, o homem que Xi escolheu como ministro da Defesa da China em março deste ano, também desapareceu, sendo que a sua demissão formal foi anunciada no final de outubro.

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