Web Summit: Conseguirão os media continuar a fazer dinheiro?
Brendan Eich, CEO da Brave, Yaron Galai, co-fundador e CEO da Outbrain e Kit Eaton, jornalista do The New York Times, procuraram dar resposta à pergunta: Como sobreviverão os conteúdos pagos nos media?
Estará o jornalismo a seguir o caminho certo com o uso de “paywalls”? «Acho que é uma boa evolução. É possível no futuro as publicações continuarem a fazer dinheiro. Um terço das receitas já vem das subscrições», refere Brendan Eich, CEO da Brave. Yaron Galai, co-fundador e CEO do Outbrain, concorda: «Estamos na Era do Napster. Tal como acontece com a música, que tem de ser paga, assim deve ser nos media. Mas temos de refrear os modelos actuais. Queres um produto, temos de pagar pelo produto e nem sempre é assim.»
Para quem não sabe uma “paywall” é uma forma de restringir o acesso a conteúdos mediante o pagamento de uma subscrição. A mesa de debate desta manhã [6 de Novembro] no PandaConf do Web Summit, com o nome “Behind the paywall: making money in media” reuniu o meio de comunicação The New York Times; a Brave, uma empresa que diz ter como missão corrigir a web, oferecendo aos utilizadores uma experiência de navegação mais segura, rápida e melhor, enquanto aumenta o suporte a criadores de conteúdo através de um ecossistema de recompensas; e a Outbrain, de publicidade digital que utiliza a segmentação comportamental.
«A experiência do utilizador continua a ser muito importante. O poder [hoje] está na tecnologia e a publicidade tem o poder de monitorizar quem lê as suas páginas. É importante colocar a publicidade longe do conteúdo editorial para não criar conflito. Mas, de facto, quando há publicidade precisamos de contexto editorial. Não somos anti-publicidade, mas devem existir intermediários, aquele triângulo perfeito entre o utilizador, o publisher e a marca. Mas o publisher terá sempre a decisão final», acrescenta Brendan Eich.
E mais, a segmentação traz duplas vantagens, seja em conteúdos jornalísticos, seja na publicidade. «Estamos a construir personalização dentro das nossas pesquisas. Por vezes, enquanto leitores, podemos sentir-nos abusados e nesse caso pode ter de entrar a lei. Contudo a devida segmentação vai melhorar muita coisa», faz crer Yaron Galai. Mas há riscos aos quais não se vai poder fugir. «Os Ad blockers [bloqueadores de publicidade] é a mesma coisa que roubar. É como ir a uma livraria e levar o livro para casa sem pagar», afirma.
Agora, o que não pode ser deixado de lado pelos jornalistas? «Continuar a contar histórias impressionantes», conclui Brendan Eich.
Texto de TitiAna Amorim Barroso