Vitaly Milonov: O ‘falcão moral’ de Putin que abriu guerra à Barbie por ser “tóxica”

A ‘onda cor de rosa’ que começou na semana passada, com a estreia do filme ‘Barbie’, sobre a icónica boneca da Mattel, nos cinemas ainda continua a sentir-se em força mas na Rússia, sem grandes surpresas, a película não irá estrear nas salas de cinema.

Não é apenas o facto de os grandes estúdios de Hollywood terem deixado o mercado russo, devido à invasão da Ucrânia, que deixava antever esta resultado. Na realidade há uma ‘guerra aberta’ contra  Barbie na Rússia há já alguns anos, encabeçada por Vitaly Milonov.

O deputado ultraconservador e profundamente religioso, membro do partido do Governo Rússia Unida, e considerado o ‘falcão moral’ de Putin, já disse no parlamento que o filme é “tóxico” e, na sua opinião, há na cultura russa muitas outras personagens que são “dignas de maior atenção” do público.

Milonov já lançou há algum tempo esta ‘cruzada’ contra a boneca loira, a par de outra sua luta ‘de estimação’: contra os direitos das pessoas LGBTQI+. É o legislador responsável pelas lei ‘antipropaganda gay’ e quando era político em São Petersburgo organizava ataques contra bares e discotecas destinados a esta comunidade.

“A Rússia é um país tradicional e é um direito democrático da sociedade escolher as suas leis. E nos escolhemos uma lei que não permita a divulgação de propaganda sobre estilos de vida familiares não tradicionais”, indicou em entrevista ao EL Mundo Vitaly Milonov, quando na altura se bateu para que ‘A Bela e o Monstro’, da Disney, fosse proibido no país, por ter uma personagem gay. o final, o filme acabou por receber uma classificação de ‘+16 anos’.

Já quanto à Barbie, o político diz que é “uma pin-up americana diferente, e até um bocado tonta, em comparação com a tradição russa, diferente dos meninos e meninas que são considerados bons no nosso país”.

Quando a Mattel criou uma linha de bonecas sem características masculinas ou femininas, para a inclusão de género, Milonov tentou proibir a venda do que disse serem “bonecos anormais”. Nenhuma boneca do género acabou vendida no mercado russo, mas mesmo assim Milonov pediu que qualquer pessoa que vendesse um dos brinquedos polémicos fosse preso por atos de depravação contra crianças.

Sobre a ‘febre rosa’ que o filme veio voltar a criar, trazendo a boneca norte-americana de volta à ribalta, o russo lamentou: “É triste que os pais pensem que a Barbie é algo saudável para os seus filhos”.

No entretanto, circulam versões pirateadas do filme ‘Barbie’, de Greta Gerwig, pela Rússia, algumas versões transmitidas em sessões ilegais em cinamas. Segundo o diretor da Content Club, há esperança de que Barbie possa chegar às bilheteiras russas no outono, quando o filme já tiver saído em plataformas digitais, tenha resolução suficiente para poder ser transmitido com qualidade nas salas de cinema, e possa ser copiado e transmitido.

 

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