“Vínculos da Rússia com a Coreia do Norte, o Irão e a China são ameaça direta para a Europa”, avisa líder da NATO junto a Macron

Emmanuel Macron, presidente francês, e Marc Rutte, secretário-geral da NATO, reafirmaram o apoio incondicional à Ucrânia e a necessidade de fortalecer a defesa europeia, num encontro realizado em Paris. Esta reunião ocorre num momento de incerteza quanto à continuidade do apoio dos EUA a Kiev, uma semana após a vitória eleitoral de Donald Trump, e num contexto em que a Coreia do Norte intensifica o seu apoio à Rússia, enviando tropas para apoiar a invasão russa na Ucrânia.

Macron sublinhou a importância de a Europa assumir maior responsabilidade pela sua própria segurança. “A Europa sempre evitou carregar o peso da sua segurança e deve continuar a reforçar a sua defesa”, afirmou o presidente francês na conferência conjunta no Palácio do Eliseu, referindo-se ao recente envio de tropas norte-coreanas para apoiar as forças russas como “uma grave escalada” no conflito ucraniano.

Marc Rutte, em sua primeira visita oficial a Paris enquanto líder da NATO, reforçou a mensagem de Macron. “Os vínculos da Rússia com a Coreia do Norte, o Irão e a China representam uma ameaça direta para a Europa”, afirmou Rutte. Numa alusão à vitória de Trump e ao seu potencial impacto na política externa dos EUA, Rutte destacou que o “desafio imediato” para a NATO é continuar a apoiar Kiev. O resposável apelou para o compromisso de longo prazo da aliança: “Não podemos apenas esperar que a Ucrânia continue a lutar; devemos garantir que Vladimir Putin e os regimes autoritários que o apoiam paguem por essa agressão, fornecendo à Ucrânia o apoio necessário para alterar o rumo da guerra.”

Rutte identificou a colaboração de Moscovo com Pyongyang, Teerão e Pequim como uma ameaça crescente que não se limita à Europa, afetando também a estabilidade no Indo-Pacífico e na América do Norte. A Coreia do Norte, que já apoiava a Rússia com fornecimento de munições, ratificou recentemente um tratado de associação estratégica com Moscovo, incluindo uma cláusula de defesa mútua. De acordo com a inteligência sul-coreana, Pyongyang enviou cerca de 12.000 soldados para apoiar as operações russas na Ucrânia, com 3.000 destes já na região de Kursk.

O secretário-geral da NATO também alertou sobre o financiamento de mísseis norte-coreanos e a venda de drones iranianos usados por Moscovo contra as forças ucranianas, assinalando que estas ações desestabilizam o Médio Oriente e financiam o terrorismo.

Macron apela a uma Europa forte e coordenada

Macron enfatizou a necessidade de uma “Ucrânia forte, uma Europa forte e uma aliança forte”, apelando para a criação de um pilar europeu na segurança transatlântica. “Durante muito tempo, a Europa evitou assumir a sua própria segurança e acreditou que poderia beneficiar dos dividendos da paz sem pagar o preço,” criticou. O presidente francês congratulou-se com o aumento do orçamento militar de França para os próximos sete anos, que agora representa 2% do PIB nacional.

Na véspera, Macron reuniu-se também com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, após as comemorações do Armistício que encerrou a Primeira Guerra Mundial, há mais de um século. Ambos destacaram a necessidade de apoio contínuo à Ucrânia e reforçaram a parceria de segurança e defesa, especialmente após a vitória de Trump, que anunciou a intenção de retirar o apoio militar dos EUA a Kiev. França e Reino Unido, duas das principais potências da NATO, demonstraram o desejo de fortalecer a cooperação bilateral, com Macron e Starmer frisando que manterão o apoio à Ucrânia “inquebrantável e pelo tempo que for necessário para contrariar a guerra de agressão da Rússia”.

Macron e Rutte alertaram também para a “grave escalada” representada pela presença de tropas norte-coreanas ao lado das forças russas na Ucrânia. Desde o início do conflito, em fevereiro de 2022, Macron defende o apoio à Ucrânia até à vitória sobre Moscovo e sugeriu que o envio de tropas aliadas não deveria ser descartado se for necessário para impedir que Putin saia vencedor da guerra.

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