Vermelho invade Wall Street e clima de incerteza tira apetite aos investidores

Com os investidores à espera de catalisadores que justifiquem uma puxada para qualquer uma das direções, o sentimento ficou pesado na primeira sessão da semana devido essencialmente aos protestos que ocorreram na China, contra as medidas para impedir a propagação de Covid-19, e que levaram o mercado a penalizar provavelmente o maior e mais relevante peso pesado de Wall Street, a Apple. Isto devido aos prováveis constrangimentos na produção de iPhones, numa situação em que os fabricantes chineses que trabalham com a gigante norte-americana já não têm conseguido manter o ritmo de produção necessário, para satisfazer a procura existente.

Para além disso, o facto do risco de Covid-19, que tem mantido a segunda maior economia do mundo num clima de incerteza e abaixo do seu potencial, se poder manter em 2023, também retirou apetite dos investidores a escassos dias do final do mês, altura em que é normal ocorrer alguns reajustes nos portefólios, sendo que se o mês até essa altura tiver sido positivo, então pode haver algum encaixe dos lucros realizados, saindo assim de posições longas.

Claro que assim que dezembro começar o processo inverso pode ocorrer, nomeadamente a entrada em novas posições, que no entanto não são obrigatoriamente nos mesmos ativos de onde se saiu, uns dias antes, até porque o último mês do ano costuma ser bastante interessante para os touros, com o famoso “Santa rally” a puxar pelo sentimento, ao que se adiciona o tradicional “window dressing” de final de ano, esse sim um movimento muito significativo de rebalanceamento de portefólios.

Depois do vermelho, que dominou segunda-feira, o sentimento está esta terça-feira ligeiramente mais leve, com um ligeiro ascendente positivo, mas nada que seja definitivo quanto ao desfecho final dos índices, até por falta de catalisadores, que estão guardados para os próximos dias com alguns dados económicos relevantes, sendo que para já a força e fraqueza do dólar americano continua a mandar no sentido do segmento acionista, assim como das matérias-primas.

Marco Silva
Consultor da ActivTrades